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Nuno Gonçalves

A DEPRESSÃO DO VELHO OU A DEMÊNCIA APARENTE (II)

(…) Continuação O velho, sendo pai, mãe, tia/o ou outro parente, revestiu-se no imaginário da criança que fomos de alguém com os predicados de super herói e esquecemo-nos da sua dimensão humana. Quantas vezes não agimos ou vemos agir pessoas que reclamam, exigem, dos seus velhos capacidades e forças que é óbvio que já não possuem, sem termos a noção da violência dessa reclamação? Um familiar destes é sempre grande, omnipotente, omnisciente e cobramos duramente a frustração por não obtermos deles a satisfação das nossas exageradas expectativas. Seja por frustração, conducente amiúde a graves desentendimentos familiares e até à institucionalização ...

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A DEPRESSÃO DO VELHO OU A DEMÊNCIA APARENTE (I)

Velho. Primeira expressão politicamente incorrecta cujo refrão infalível era (é) “…são os trapos!” e com este remate deitava-se no lixo todo o valor, significado e conteúdo do velho e da velhice. Sempre desconfiei do politicamente correcto e dos interesses que se desvelam a cerzir os seus proveitos nos bastidores das metáforas semânticas. Os velhos são um subproduto descartável da sociedade fashion, de gente esplendorosa e fascinante com a mesma consistência e brilho de um plástico barato. Esquecemos-mos que hoje vivemos, qual civilização assente sobre o substrato de impérios pregressos, confortavelmente instalados sobre as obras ainda bem sólidas e vivas desses ...

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DEPRESSÕES DE TRAZER POR CASA OU O JET LAZER

BREVE APONTAMENTO DOS HUMORES DE CÃO POR HIPERSÓNIA Quem não conhece uma pessoa que seja que, apresentando uma saúde pétrea, das que não enferrujam, à sexta-feira, surge na segunda-feira qual cadáver, arrastando-se quase a mendigar oxigénio, com impulsos suicidários, enfim, como se o mundo fosse acabar, sem vontade nem energia, sensação de respiração insuficiente, cefaleias telúricas em que qualquer suave vibração provoca ondas sonoras de violência sísmica? Este humor com que muitos começam a semana, humor disfórico, corolário sintomatológico da depressão tende a recuperar espontaneamente ao longo da semana. A sua sucessão contínua é susceptível de gerar um estado de ...

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DEPRESSÃO REACTIVA – O BECO SITIADO

A depressão é uma doença que afecta quem esgotou os seus recursos para lidar com as suas próprias circunstâncias. A gravidade da depressão pode ir da depressão ligeira à depressão maior. Intencionalmente não me pronunciarei sobre a depressão endógena que é o nível mais grave com que esta doença se pode manifestar, dadas as suas características ficarem fora do âmbito do apontamento de hoje. Uma pessoa pode viver anos com uma depressão de baixa intensidade sem se aperceber da natureza da perturbação, podendo até considerar que é de uma natureza melancólica ou triste. A natureza da afecção pode ser percebida ...

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DEPRESSÃO E OUTRAS VIROSES

A depressão é, no presente, uma espécie de constante universal, uma qualquer e banal K. Vejamos. Nos anos 80 o paradigma universal por defeito e excelência era o psicanalítico. Em qualquer roda de amigos se travavam e prolongavam intermináveis debates sobre qual seria o trauma ou indissociável queda do escadote que estariam na origem de um determinado tique, postura ou bocejo de enfado. A norma era o trauma, a desculpabilização desimplicante em que se atribuía a responsabilidade de qualquer problema, incapacidade ou indisponibilidade aos outros, de preferência aos progenitores, que se questionavam quanto às culpas e falhas que, mesmo desconhecidas ...

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BIPOLARIDADE – Uma História Fusional que parece que corre mal

A filologia é, por excelência, a disciplina debruçada sobre as questões semânticas. Todos sentimos quão importantes são os vocábulos e correspondentes conteúdos e acepções para que, para além de nos fazermos entender, sejamos capazes de pensar. Há anos que reúno episódios, em primeira pessoa, transmitidos ou discutidos, dessa moléstia pandémica sincrética que se designa por Bi-Polaridade ou, por razões de conveniência gráfica e estética, por Bipolaridade. Acontece que são escassos aqueles que se recordam das entidades agora condensadas numa designação patognomónica única. Quase só aqueles que ainda foram contemporâneos da Varíola têm bem presente na sua etiologia e expressão sintomática ...

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E EU? QUAL É O MEU PAPEL NO MEIO DISTO?

Vivemos momentos que são históricos e que, à semelhança de outras catástrofes sociais, serão lembrados e servirão de exemplo futuro para que as gerações vindouras se poupem à nossa ingenuidade. Facilmente apontamos o dedo a políticos que não elegemos, pois, o sistema eleitoral é refém de uma fraude política. Saímos de um sistema de partido único, férreo, centralizado e com critérios para um sistema de partidos, indefinido e sem critérios. Veja-se que os deputados são arrumados consoante uma lógica de colocar figuras sem qualquer vaga para representantes de quem quer que seja. O poder serve patrões que não somos nós. ...

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Violência Psicológica ou a Inocuidade das Pequenas Contrariedades Inocentes

O tom coloquial de uma escrita que procura criar, na inevitabilidade do monólogo, um espaço de diálogo prende o verbo numa espiral de reflexões e frases. Por mais sugestivas que ambas sejam estão limitadas nos seus méritos pela ausência de dados que ilustrem e fundamentem as ideias que frutificam na mente dos interlocutores. Todos já assistimos a acções que configuram violência psicológica: prepotência, coacção, abuso de poder ou de posição, chantagem, ameaça, gritos, arbitrariedade e todo o tipo de possibilidades que o meio laboral, familiar ou grupal propiciam. As ocorrências têm o dom de parecerem, a quem está de fora, ...

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AO CORRER DA PENA – REFLEXÕES SOBRE O ASSÉDIO MORAL E OUTRAS MALDADES

Há muito, tenho de reconhecê-lo, que se ouve falar do Assédio Moral. Sim, essa violência que se tornou famosa através da referência à sua prática nos locais de trabalho. A questão, de tão propalada junto do público, criou uma mnemónica que quase a ligou, com carácter de exclusividade, aos locais de trabalho, ou seja, Assédio Moral no Trabalho. Esta especificidade nunca foi inocente. Denunciava perdas imensuráveis de recursos produtivos e financeiros. Ora este meu amigo sabe que tenho uma espécie de horror a estas especificidades e ouviu, em tom quase estridentemente panfletário, as minhas diatribes contra esta reacção deslumbrada, habitual ...

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