Home » SaĂșde » Doença CelĂ­aca consequĂȘncia da ingestĂŁo de glĂșten
Doença CelĂ­aca consequĂȘncia da ingestĂŁo de glĂșten
Doença CelĂ­aca consequĂȘncia da ingestĂŁo de glĂșten

Doença CelĂ­aca consequĂȘncia da ingestĂŁo de glĂșten

A Doença CelĂ­aca (DC) Ă© uma patologia auto-imune, que ocorre na sequĂȘncia da ingestĂŁo de glĂșten em indivĂ­duos geneticamente susceptĂ­veis e que se caracteriza por atrofia das vilosidades do intestino delgado. O glĂșten desencadeia, neste ĂłrgĂŁo alvo, uma resposta inflamatĂłria mediada pelo sistema imunitĂĄrio que origina a progressiva destruição da mucosa e lesa as vilosidades, que consequentemente diminuem a sua capacidade de absorção de nutrientes.

Em Portugal, aponta-se que existam entre 10 a 15 mil pessoas diagnosticadas com doença celĂ­aca. Estima-se, no entanto, que o nĂșmero de celĂ­acos efectivo, ao nĂ­vel nacional, se situe entre os 70 e os 100 mil. Deparamo-nos com uma taxa de subdiagnĂłstico de aproximadamente 85%, percentagem de indivĂ­duos que tĂȘm a doença, mas desconhecem esse diagnĂłstico.

O que antes era considerada uma doença pediåtrica é agora percebida como uma doença que afecta todas as faixas etårias, o que se confirma através dos novos sócios da APC, em que cerca de 50% dos celíacos inscritos, no passado ano, foram diagnosticados na idade adulta.

Esta doença apresenta uma grande variedade de sintomas e de sinais, podendo atingir o organismo afectando vårios sistemas de órgãos ou, no outro extremo, com uma ou outra queixa, por vezes muito ligeiras.

As manifestaçÔes da DC sĂŁo habitualmente divididas em dois grupos: os doentes com sintomas clĂĄssicos (frequentes nas crianças) que apresentam casos de diarreia, flatulĂȘncia, distensĂŁo abdominal, cĂłlicas, emagrecimento, desnutrição ou atraso de crescimento; e os doentes com sintomas atĂ­picos, geralmente adultos com sintomas extra-intestinais, como: anemia ferropĂ©nica, osteopĂ©nia/osteoporose marcadas e/ou precoces, dermatite herpetiforme, estomatite aftosa recorrente, infertilidade e abortos recorrentes, alteraçÔes neurolĂłgicas e psiquiĂĄtricas, alteraçÔes na função da tirĂłide, alteraçÔes nas anĂĄlises hepĂĄticas e alteraçÔes na dentição definitiva (hipoplasia do esmalte).

Apresenta uma clĂ­nica compatĂ­vel com a descrita? Pode e deve fazer o rastreio. Nos adultos a dificuldade do diagnĂłstico revela-se porque muitos dos sintomas atĂ­picos sĂŁo confundidos com os de outras doenças. O rastreio Ă  DC pode ser incluĂ­do num check up anual, pois este traduz-se numa anĂĄlise sanguĂ­nea (serologia) a um marcador especĂ­fico, que pode solicitar junto do seu mĂ©dico de famĂ­lia. Devem, ainda, ser rastreados os familiares de primeiro grau de celĂ­acos (pais, irmĂŁos ou filhos), bem como todos aqueles que apresentam patologias que, reconhecidamente, se relacionam com a DC, tais como a diabetes tipo 1, tiroidite autoimune/hiper ou hipo-tiroidismo, dermite herpetiforme, ataxia, sĂ­ndrome de Down, de Turner ou de Williams e deficiĂȘncia selectiva de IgA.

A DC Ă© uma doença crĂłnica, ou seja, para toda a vida. O seu tratamento nĂŁo assenta num esquema medicamentoso ou qualquer outro procedimento clĂ­nico, o que existe Ă© uma forma simples de controlo da doença – o cumprimento rigoroso, sem quaisquer exceçÔes, de uma dieta isenta de glĂșten (DIG). Apenas a eliminação desta proteĂ­na da alimentação permite que o intestino regenere por completo da lesĂŁo e o organismo recupere.

Excelente notĂ­cia para os portadores de DC. Mantendo a DIG, os indivĂ­duos demonstram um padrĂŁo de desenvolvimento e uma condição geral de saĂșde igual ao de qualquer outro individuo que nĂŁo tenha DC.

Implementando uma dieta isenta de glĂșten com escolhas saudĂĄveis e diversificadas, respeitando os hĂĄbitos alimentares individuais, e necessitando apenas de manter uma vigilĂąncia clĂ­nica e nutricional, o celĂ­aco torna-se um individuo saudĂĄvel, mantendo a DC e possĂ­veis patologias associadas controladas.

Entre os dias 4 e 6 de novembro, as estaçÔes ferroviĂĄrias de Oriente (Lisboa) e CampanhĂŁ (Porto) recebem a Check-Up, Dia Nacional do Rastreio, onde a Associação Portuguesa de CelĂ­acos marcarĂĄ presença para a sensibilização do rastreio da doença celĂ­aca. Esta iniciativa vai contar com a participação de vĂĄrias sociedades mĂ©dicas e associaçÔes de doentes de todo o paĂ­s e permitir, num Ășnico local, a realização de rastreios a vĂĄrias especialidades mĂ©dicas.

Sem glĂșten! ExpressĂŁo que se tornou popular no nosso quotidiano. Menu sem glĂșten? Produtos com a menção «isento de glĂșten». Quando nĂŁo Ă© uma escolha, mas sim o tratamento de uma doença, ainda, largamente subdiagnosticada em Portugal e menos conhecida, a Doença CelĂ­aca.

Atentando no alcance e nas implicaçÔes da DC, foi fundada em 1992 a Associação Portuguesa de Celíacos (APC), que presta apoio multidisciplinar aos celíacos e seus familiares, facilitando a adaptação à DIG e a manutenção da qualidade de vida após o diagnóstico.

Com sede em Lisboa, a APC chega aos celíacos e seus familiares através do portal celiacos.org, da pågina Facebook/APCeliacos, de newsletters e dos vårios eventos realizados ao longo do ano.

Por: Daniela Afonso | nutricionista
Associação Portuguesa de Celíacos

Partilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*

*

Comment moderation is enabled. Your comment may take some time to appear.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como sĂŁo processados os dados dos comentĂĄrios.