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FALANDO D`ELA COM NATURALIDADE

Lucieny Martins

Lucieny Martins

Lendo hoje uma matéria sobre o pai de uma criança de 6 anos com expectativa de vida de 25 anos, portadora de Distrofia de Duchenne, uma doença degenerativa, que diz não estar preparado para saber que seu filho morrerá antes dele, me fez parar e pensar. Realmente, por mais que tenhamos a certeza de que para morrer basta estar vivo, nós nunca estamos preparados. Já perdi o meu pai amado, alguns parentes e amigos queridos também, e a dor da perda é enorme. A de um filho então, deve ser terrível.

Resolvi pesquisar sobre o tema “morte”, conhecer a visão de algumas culturas, e na busca achei uma matéria que me chamou atenção. Um workshop de bilhetes de suicídio em uma “Escola da Morte”. A princípio pensei se tratar de uma piada de mau gosto, um desrespeito a sentimentos e credos.

Pelo fato de o suicídio ser uma forma de morte que nos sensibiliza, por não suportarmos a ideia de uma pessoa tirar a própria vida. Mas para minha surpresa, gostei!

De acordo com as palavras do próprio autor e professor de filosofia da New School de NY, Simon Critchley: “A carta de suicídio – e eu estou sendo completamente sincero – é uma literatura tocante, estranha, pungente e peculiar”. “O interesse das pessoas por estas cartas é algo quase pornográfico”. “Não estamos brincando com o suicídio. Fazemos isso como uma maneira de compreendê-lo. As pessoas estão aterrorizadas em conversar sobre a morte”.

Às vezes penso que o suicídio é uma forma de morte meio egoísta, covarde e ao mesmo tempo corajosa. Mas somente quem o comete conhece ao certo o nível de desespero e a falta de esperança em um futuro próximo ou distante. E a curiosidade dessas cartas é uma forma de tentar entendê-los. “Elas são uma última e desesperada tentativa de comunicação”, disse Critchley. “São uma comunicação falha, em certo sentido”.

Então, não é uma curiosidade mórbida, e sim a busca de compreensão e entendimento.

Por mais que não queiramos conversar sobre o assunto, a cada perda fazemos sempre as mesmas perguntas: Porque? Para onde vamos? Como vai ser agora?

Apesar de católica, não quero aqui, entrar no mérito religioso, porque independente de religião, este é o nosso futuro, isso é inquestionável. E não há morbidez em abordar o assunto.

Como disse, estas duas matérias me despertaram a vontade de falar e refletir sobre o assunto. É uma questão curiosa e misteriosa, por não ter uma resposta concreta. Para alguns é o fim simplesmente, para outros o renascimento, e para outros, uma mudança para outra dimensão.

Particularmente não acredito que a morte seja o fim e não tenho nenhum medo dela, o que me amedronta é o sofrimento que pode antecedê-la. E a forma como enxergamos e lidamos com ela, faz uma enorme diferença.

“Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que eu encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo o medo de errar – cai diante da face da morte.” – Steve Jobs

Porque lutamos tanto contra a hipótese da morte se ela é a única certeza que temos a partir do momento em que damos o primeiro suspiro? Porque desperta tanto fascínio em alguns, repulsa e medo em outros? Aceitação e revolta?  Mistérios…

 “Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia.” – William Shakespeare

Por: Lucieny Martins Gonçalves – no Brasil

(escreve em português do Brasil)

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