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UMA DEMOCRATIZAÇÃO DO LUXO

Daniela Simplicio

Daniela Simplício

São, cada vez mais, os blogs de moda, luxo e estilo de vida, encontrados na Internet de hoje. Uns não passam de um passatempo, outros são um modo de vida. Uns são visualizados, diariamente, por milhares de seguidores, outros caíram no esquecimento, foram atirados para os excedentes de uma Internet lotada de palavras iguais.

Mas, estando estas páginas pessoais também em voga, o que importa é ter uma, não para ser experimentada de maneira prazerosa, para transparecer um real interesse pela área, mas apenas para se dizer que se é dono de uma. Libertar palavras é hoje um fenómeno! Comunicar a moda, é outro ainda maior! É estranha, esta sociedade que aplaude a diferença e o respeito por ela, mas que depois nos diz como devemos ser. Terão estes blogs um término agendado, visto que tudo é tão efémero?

O que julgamos hoje, queremo-lo amanhã; e o que hoje usámos, amanhã julgamos. Foi algo de que me apercebi desde a minha mais tenra idade; idade essa em que conjugava rosas com vermelhos, estremecendo com os olhares alheios, e que passados uns meros anos, esta mistura torna-se no quotidiano, não um ‘must-have’ (expressão bloguista para “deve ter”) mas mais um ‘must-use’. Apercebi-me que o mais importante era e é agradar aos outros, ao Mundo.

É uma indústria fugaz esta, sendo o maldoso julgamento a ela associado o mais triste. As pessoas correm nesta maratona para não caírem nas bocas destruidoras de personalidades, muitas delas satisfeitas com o que são mas caindo na negra sociedade consumista e atualizada a cada segundo que passa. É uma droga!

Terão estas pessoas consciência da realidade por detrás destas grandes marcas, que de grandes só têm o preço? Saberão que esta indústria têxtil produz a preços irrisórios e vende a preços exorbitantes? Que por exemplo, a marca Louis Vuitton, chegou a pagar cerca de trinta euros pela produção de uma peça, vendendo-a a mais de dois mil euros? Que uma parte desta diferença é canalizada para o marketing? Saberão do tráfico humano, da exploração infantil e operária? Da degradante fiscalidade?

Infelizmente este conhecimento só se torna mais acessível através de notícias como mortes por falta de condições de trabalho. Teremos nós, consumidores, culpa numa quota-parte deste todo? Fica a pergunta.

Por: Daniela Simplício 

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