Home » OPINIÃO... » 7 riscos da cadeia de abastecimento para os seguros
7 riscos da cadeia de abastecimento para os seguros

7 riscos da cadeia de abastecimento para os seguros

O ano de 2021 foi desafiante para o transporte de mercadorias. A perturbação das cadeias globais de abastecimento causada pela pandemia e pela recuperação, a diferentes velocidades, das principais economias, pelos eventos meteorológicos extremos e alguns eventos pontuais altamente disruptivos, como o acidente e consequente engarrafamento do Canal do Suez, realçou os múltiplos riscos que as empresas de transporte enfrentam.

Alguns riscos ficarão para trás em 2022, porém, outros continuarão presentes a médio prazo. Neste contexto, os especialistas em análise de riscos da WTW delinearam sete cenários de possível disrupção que podem afetar as coberturas das apólices de transporte de mercadorias e aos quais os gestores de risco da indústria global de transporte devem prestar atenção.

1. A escassez de contentores de transporte levará a um aumento da carga a granel: são muitas as transportadoras que estão a regressar ao transporte de cargas a granel, sem qualquer embalagem específica. As seguradoras baseiam as suas tarifas e os termos e condições das apólices na expectativa de que a maior parte da carga possa ser facilmente transportada e devidamente protegida. Qualquer alteração dos métodos de transporte pode afetar as referidas apólices.

2. O valor acumulado da carga pode superar os limites de responsabilidade incluídos nas apólices de mercadorias em trânsito: estes limites estabelecem o máximo que a seguradora pagará por qualquer perda segurada num único meio de transporte ou lugar. Este novo valor deve ser comunicado para garantir que os limites são os adequados. Neste sentido, como explica Pedro Maia, Responsável da área de Energias Renováveis/Recursos Naturais da WTW em Portugal, “quando a cadeia de abastecimento global recupera após uma interrupção, deve-se monitorizar o valor acumulado da carga em trânsito e em repouso, visto que é provável que tenha aumentado”.

3.O fretamento total ou parcial de navios aumenta a exposição: de forma a ter uma gestão mais flexível da sua cadeia de abastecimento, algumas empresas têm optado por fretar embarcações, quer para contentores, quer para carga em geral. Este método de aluguer de capacidade de carga em navios de terceiros aumenta frequentemente os limites de responsabilidade e a exposição. Se a empresa optar pelo fretamento, é aconselhável rever os contratos com as seguradoras.

4.Requisitos de garantia e embarcações que não cumprem as cláusulas: a maioria das apólices de mercadorias contém cláusulas de qualificação das embarcações. Isto significa que as seguradoras requerem que os barcos utilizados cumpram com determinamos parâmetros, como a idade ou o peso, para que se apliquem certas tarifas e coberturas. Como tal, é importante que as empresas de transporte assegurem que os navios utilizados cumprem com as garantias necessárias.

5. As limitações padrão de tempo podem ser insuficientes: as cláusulas de carga, oficialmente conhecidas como Institute of Cargo Clauses, incluem uma série de disposições de duração que estabelecem o tempo máximo para que uma carga chegue ao seu destino. Tendo em conta os desafios do setor em 2021 e a maior probabilidade de atrasos no transporte, as disposições standard podem não ser suficientes.

6. Os fornecedores de serviços logísticos podem tentar escapar à responsabilidade: face aos atuais problemas da cadeia de abastecimento global, alguns fornecedores de serviços logísticos estão a tentar limitar as suas responsabilidades por danos na mercadoria ou renegociá-las. Se isto acontecer, é aconselhável que a empresa de transporte ou o expedidor da mercadoria trabalhe com os seus parceiros do setor segurador para estudar a melhor resposta a este cenário.

7. Atrasos nas reclamações após uma catástrofe natural: nos últimos anos, a gravidade e a frequência dos eventos catastróficos multiplicaram-se. Só nos EUA, em 2020, registaram-se 22 desastres naturais, cujo impacto superou os 1.000 milhões de dólares em prejuízos. Em 2021, o número deverá ser idêntico, de acordo com os dados preliminares da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla original).

Muitos destes eventos catastróficos têm um grande impacto no transporte de mercadorias, o que, por sua vez, influencia o custo das apólices de seguro. Além disso, na sequência de catástrofes, é natural que a estrutura das companhias de seguro seja sobrecarregada e que as peritagens e a cobrança de indemnizações sofram atrasos. Nestes casos, é fundamental documentar os danos sofridos a todos os níveis com o maior detalhe possível.

Como explica Pedro Maia, “é demasiado cedo para antecipar como será 2022 para a indústria do transporte de mercadorias e para a cadeia global de abastecimento. No entanto, é importante manter estes possíveis cenários em mente para minimizar os riscos num mercado cada vez mais volátil”.

Pedro Maia
WTW / C.S.

Partilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*

*

Comment moderation is enabled. Your comment may take some time to appear.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.