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ÁRBITROS PROMOVIDOS A MINISTRO?

Fechou-se um Ciclo e o Futebol conquistou finalmente o lugar de “industry business”.

P.Guedes de Carvalho

P.Guedes de Carvalho

Faria de Oliveira, dizem os sites, é o gestor mais bem pago em Portugal (cerca de 318.000€, suponho que por ano). Em final de carreira (no tribunal de última instância) o salário de Juiz era de 83.401 euros brutos anuais. Os árbitros vão poder chegar aos 72.000€. Não ficam mal. Uma base de 6.000€ por mês é vencimento equiparado a Ministro e mais que um reitor de Universidade. No 1º caso, comparáveis nos insultos que recebem as respectivas mães e no 2º caso comparáveis na responsabilidade e qualificações que são necessárias obter para atingir esse patamar. Até aos 30 anos estudam, praticam e demonstram que conseguem ter bom e regular desempenho; dos 30-50 trabalham duro no activo e depois dos 50 desempenham cargos de avaliação e monitorização dos profissionais mais jovens.

Foi assim definida a proposta de carreira de árbitro profissional de futebol pela FPF. E queria começar por felicitar a iniciativa, uma vez que carreiras no Futebol não existiam para nenhum dos seus actores e/ou agentes. Tem sido um descalabro. Estabelecer uma carreira desportiva não é obra fácil mas é fundamental para credibilizar e sustentar uma profissão, estabelecendo-se as regras deontológicas e éticas do seu desempenho. Em economia, o salário e a remuneração que se propõem não é nunca elevado ou baixo; é um valor que pode ser paga pela indústria que os contrata, o que significa que essa actividade tem que gerar receitas que o permita pagar. A entidade que coordena todas as organizações que querem entrar no jogo fez por isso bem: há uma proposta de carreira em cima da mesa e ninguém se deve queixar disso.

Proposta essa que prevê a formação, a entrada na e conclusão da carreira; assenta em vencimentos base e prémios de produtividade e não descarta as pessoas na fase de vida que deixam de poder a exercer fisicamente o “core” da sua actividade profissional. Aplaudo.

Faltava esta peça do puzzle para que o futebol profissional em Portugal pudesse ser considerado como uma verdadeira indústria e as empresas que nele competem passam a ter obrigatoriamente gestores de topo. Um novo mercado emerge e floresce e tem de haver entidades reguladoras que impeçam a formação de cartel e que permitam a concorrência. Mas desiludam-se aqueles que julgam que todos vão competir de igual modo. Será como o mercado de telecomunicações ou de comunicação e imagem, com 3 a 4 grandes operadores e os milhares de acionistas em redor que terão também empresas menores, mais locais e regionais, a lembrar que o futebol foi em tempos uma actividade de recriação e lazer, para que os voluntários ocupassem os seus tempos livres com o objectivo comum de criação de uma identidade (os sócios e não acionistas).

Agora temos o BIG MONEY FOOTBALL e A LIGA DOS ÚLTIMOS.

Que todos tomem disso consciência!

Por: Pedro Guedes de Carvalho

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