AEP – Associação Empresarial de Portugal, considera que o resultado do Brexit na Grã-Bretanha, constitui uma má notícia para portugal e um sério aviso para a Europa.
Ao confrontar a União Europeia e os 27 Estados-membros com a necessidade de repensar o projeto europeu, requer que o processo que se irá seguir. seja pautado pela serenidade e aproveitado para aprofundar e aperfeiçoar o funcionamento do Mercado Único.
Para a AEP, a decisão do povo britânico tem fortes implicações políticas, económicas e empresariais. Mesmo admitindo que os participantes no referendo possam ter acrescentado alguma coisa à sua vivência democrática, representa um revés para esta União Europeia.
A decisão dos Britânicos já estar a ter consequências nos mercados financeiros, podendo atrasar ainda mais a construção da União Económica e Monetária Europeia. Interfere negativamente no comércio internacional e subtrai riqueza ao PIB mundial. Neste quadro, a vitória do “Brexit” constitui uma perda para as empresas e para a economia portuguesas.
O excelente relacionamento entre os povos português e britânico e a secular aliança entre os dois países, no entanto, não estão em causa. Para os empresários portugueses, a alternativa a considerar é reforçar e melhorar esse relacionamento e dar-lhe uma nova dimensão económica, valorizando a fachada atlântica da Europa.
Importa ter em conta que está em causa aquele que, no ano passado, foi o quarto maior mercado das exportações portuguesas de bens, com uma quota da ordem dos 7% do total, e o nosso sexto fornecedor, responsável por cerca de 3% das nossas importações. Mas, estes indicadores são ainda mais expressivos se considerarmos a balança de bens e serviços. Então, o peso das nossas exportações para a Grã-Bretanha sobe para 9,5% e o das importações cresce para 4,8%.
Para além destas facetas do problema, há ainda a considerar o caso específico do turismo e do IDE britânico no nosso país. É caso para dizer que o Reino Unido pode ter deixado a Europa, mas Portugal jamais poderá perder o seu mais antigo aliado.
Há, por isso, razões de sobra para todos os agentes políticos que irão ser chamados, no Reino Unido e na Europa, a traduzir em atos uma decisão democrática do povo britânico serem confrontados com a responsabilidade histórica de não transformarem num divórcio litigioso a renúncia, democraticamente legítima, de um dos 28 estados-membros da UE aos fundamentos do projeto europeu.
A situação exige bom senso a todos e abre caminhos novos aos povos europeus que continuam a acreditar num futuro de paz, bem-estar e desenvolvimento económico no único continente que num século foi palco de duas guerras mundiais.
Aos líderes e dirigentes das diferentes instituições da UE, é de pedir um total empenhamento no reforço das políticas e dos meios que promovam a matriz civilizacional europeia, o bem-estar dos seus povos, o crescimento económico e o emprego.
Mas, para Portugal, para os profissionais e para as empresas portugueses este é, também, um tempo de oportunidades. Os laços que nos unem ao Reino Unido têm muitos mais anos e História do que os do projeto europeu. Há que reinventar esses laços, dando um novo conteúdo às relações institucionais, económicas e culturais existentes entre os dois países.
É que, hoje, já não trocamos apenas têxteis por vinhos com os nossos velhos aliados britânicos. Há muito que Portugal é um país global. E hoje temos massa cinzenta, excelentes profissionais, tecnologia, bons produtos e marcas reputadas em todo o mundo.
Agora, e por força dos técnicos qualificados que o país formou e atualmente trabalham lá, bem acolhidos e inseridos nas comunidades locais, importa defender e valorizar esse património comum.
A AEP – Associação Empresarial de Portugal não deixará de dar o seu contributo para essa nova arquitetura do relacionamento económico luso-britânico.
AEP/C.S.