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Cientistas detidos na cimeira da saúde em Berlim

Cientistas detidos na cimeira da saúde em Berlim

60 cientistas da Scientist Rebellion perturbam a abertura da Cimeira Mundial da Saúde em Berlim, Alemanha, e exigem uma ação urgente sobre a emergência climática

Os cientistas da Scientist Rebellion provocaram um alvoroço na abertura da Cimeira Mundial da Saúde em Berlim, no domingo à noite. Por volta das 18:30, 40 cientistas de toda a Europa, incluindo de Portugal, bloquearam a entrada do edifício da conferência, sendo que 7 dos cientistas colaram-se com super-cola.

Outros 20 académicos, vestidos com bata de laboratório, colaram à entrada publicações científicas sobre a crise climática e colocaram faixas dizendo “CRISE CLIMÁTICA = CRISE NA SAÚDE”, “1,5°C = Ficção Política” e “Unam-se contra o falhanço climático”. Estes cientistas estavam acompanhados por 10 activistas do grupo Letzte Generation (Última Geração), que também se colaram ao chão em frente à entrada. O discurso de abertura da cimeira, protagonizado pelo chanceler alemão Olaf Scholz, foi interrompido várias vezes por um alarme de incêndio no edifício accionado pelos cientistas.

Não há forma plausível de ficar abaixo dos 1,5 graus e cumprir o Acordo de Paris dentro do atual sistema económico. Os políticos devem ser honestos e deixar de enganar o público. De facto, é altamente provável que excedamos 1,5 graus de aquecimento global dentro dos próximos dez anos. Isto significa imenso sofrimento, especialmente no Sul Global, mas também aqui na Europa. Já é hora de mudar drasticamente de rumo“, diz o Dr. Matthias Schmelzer do Instituto de Sociologia da Universidade de Jena, Alemanha.

Com os seus protestos pacíficos mas disruptivos, os cientistas querem mostrar à sociedade a diferença entre a dura realidade geofísica e ecológica e a ficção política. Existe a possibilidade real de uma catástrofe global. Através destas ações de resistência civil, a Scientist Rebellion exige uma ação imediata para limitar os impactos crescentes da crise climática – a nível nacional e internacional.

A crise climática é a maior ameaça à saúde humana no século XXI, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Os eventos climáticos extremos, tais como ondas de calor, chuvas fortes e inundações, bem como a crescente poluição atmosférica, têm o potencial de provocar danos incalculáveis à saude numa escala global. O governo alemão deve implementar urgentemente medidas de segurança. Aqueles que estão no poder devem agir agora“, diz a Professora Associada Susanne Koch, MD da Charité, Clínica Universitária de Berlim, Alemanha.

A Alemanha é um país poderoso na UE e um dos países mais ricos do mundo. A economia alemã tem beneficiado desproporcionadamente da utilização de combustíveis fósseis e da exploração de recursos naturais. Apesar da sua grande riqueza e poder inovador, a Alemanha não está a conseguir atingir os seus objetivos em matéria de clima e biodiversidade, afirmam os cientistas.

Há mais de 70 anos, a Alemanha reconstruiu-se e reimaginou-se completamente e, mais tarde, tornou-se um modelo internacional na adoção das energias renováveis. Ainda se vê a si própria como uma defensora climática, embora a realidade seja agora muito diferente. Porque é que a Alemanha continua a adiar uma tão necessária mudança? Apelamos à Alemanha que siga o seu próprio espírito positivo passado, já que isso poderia resultar novamente numa enorme mudança. Isto é desesperadamente necessário para limitar a degradação climática e ecológica“, acrescenta o Dr. Odin Marc, cientista da Terra da Universidade de Toulouse, França.

A Scientist Rebellion é uma coligação internacional de cientistas e académicos, formada em 2021, para apelar à desobediência civil face ao falhanço político nas áreas do clima e da crise ecólogica. Este movimento crescente está a mobilizar cientistas de toda a Europa e faz parte de uma coligação de grupos de resistência civil não-violenta que une forças em outubro de 2022 sob a campanha #UniteAgainstClimateFailure para reivindicar medidas imediatas de controlo de danos. Parceiros de coligação incluem os movimentos Letzte Generation (Última Geração), Debt for Climate (Dívida pelo Clima), End Fossil Occupy (Fim ao Fóssil – Ocupa!), e Jetzt oder Nie – Eltern gegen die Fossilindustrie (Agora ou Nunca – Pais Contra a Indústria dos Combustíveis Fósseis).

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