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DESPORTO UNIVERSITÁRIO

P.Guedes de Carvalho

O meu posicionamento face ao desporto em Portugal é naturalmente crítico por inúmeras razões. Considero absolutamente deplorável a coordenação e liderança institucional registada na maior parte dos casos de organizações que lidam com os desportos. Ora sustentadas em presidências que se eternizam no tempo (algumas com mais de 40 anos) ora apoiadas em voluntariosos que não têm estofo nem competência para assegurarem um desenvolvimento sustentado de uma qualquer modalidade e, porque não remunerados, sem sentirem qualquer peso de responsabilidade. Além disso temos os diferentes desportos organizados por diferentes áreas socioeconómicas: trabalhadores, estudantes, amadores, profissionais, adaptados, etc.

Enfim, está instalada uma espécie de nacional porreirismo que facilita a não exigência a não ser que fosse paga em milhões. E mesmo assim, nem sempre se exigem as consequências esperadas.

Tive oportunidade de presenciar a um sarau especial de desporto universitário que não me deixou indiferente e daí ter suscitado esta pequena reflexão sobre o nosso desporto.  Com efeito vi muitos jovens dos 18-24 anos a serem chamados ao palco para serem agraciados com prémios que foram desde a simples presença/participação, revelação, lugares honrosos (3°), prata, campeões nacionais universitários, prémios fair play, atleta do ano feminino e masculino, modalidade do ano, etc. E, para meu espanto que acompanho este fenómeno desde há longa data, em modalidades completamente novas na referida universidade, com 6 títulos nacionais: badminton, kickboxing, taekwondo e atletismo (diversas modalidades). Com gente muito nova e saudável que se apresentou impecavelmente vestida, em traje de gala, muito diferente do que habitualmente aparentam nas aulas. Impecável.

Esta reflexão não podia terminar sem referir as principais reflexões que me foram estimuladas por tal presença nesta Gala, a saber:
1 – os novos jovens estão a despertar para novas práticas desportivas com níveis de performance apreciáveis;
2 – os novos responsáveis de algumas universidades e serviços de ação social estão finalmente a despertar para a importância do desporto na educação dos jovens. Sim, o prémio revelação inclui novos critérios que levam em consideração a performance académica;
3 – a Gala foi organizada com diferentes departamentos da Universidade que foram desde o próprio departamento do desporto, à comunicação nos campeonatos, informática de apoio ao aluno, design de moda para fatos diversos e de gala, aos serviços biomédicos de apoio ao treino, etc, Isto quer dizer integração de saberes académicos ao serviço do desporto
4 – a organização dos jogos envolveu instituições diversas na organização, nomeadamente escolas secundarias e seus alunos, como voluntários de apoio à organização dos jogos, dando novas experiências de atividades organizacionais;
5 – os diversos departamentos da academia serão confrontados com novos desafios de investigação para melhoria de performances e experiências para-profissionais.
Em suma, uma simples organização de uns campeonatos universitários pode representar uma excelente oportunidade para desenvolvimento do desporto e das competências necessárias à organização de eventos desportivos.

Mais ainda, a academia teve que começar a pensar seriamente na forma de se involucrar na comunidade circundante e iniciou um profundo debate sobre como apoiar (sem exterminar) os clubes das redondezas e construir uma sequência de formação que vai desde as tenras idades até à idade universitária. Quiçá um clube local em algumas modalidades. Quiçá retendo alunos que vão sair e resolvem ficar na região. Quiçá atraindo antigos alunos a regressar onde foram felizes como jovens. Quiçá a contribuir para o desenvolvimento através do desporto.

Quero terminar por dizer que já acreditei menos nisto.
Vou continuar a pugnar por estes ideais do desporto como instrumento de desenvolvimento regional.

Por: Pedro Guedes de Carvalho

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