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DEVIA HAVER EXAMES DE ADMISSÃO A POLÍTICO

P.Guedes de Carvalho

P.Guedes de Carvalho

Os exemplos de queixas e mal-estar dos cidadãos para com o Governo são sempre muitos. Em períodos de dificuldades económicas aumentam ainda mais, se tal é possível. Em Portugal a nossa história está marcada por uma relação paternal profunda. Reis ou presidentes de conselho sempre entenderam que os portugueses nunca seriam capazes de se governarem com autonomia e por isso o Poder Central, para onde só iriam iluminados, teria que proteger os coitados dos indigentes. O Estado Novo está então repleto destas proteções, as Casas de Povo, as Casas dos Ferroviários, dos Pescadores, etc. E da invenção maravilhosa das Caixas. O nome dava mesmo a entender que era uma espécie de porquinho mealheiro, uma Caixa para se irem metendo umas moedas quando havia muitas para nos valerem nos períodos em que as não houvesse. A invenção das reformas data dessa ideia: se não descontarem um X enquanto são novos e ganham, eles gastam tudo e depois, quando velhos, não terão que chegue para sobreviverem. Faziam-se descontos por isso com Contratos entre cidadãos e governo, baseados na boa-fé. Assim celebrei um contrato há 40 anos e quando vi o primeiro recibo lá estavam três coisas que perguntei o que eram; uma, desconto CGA – caixa geral de aposentações; a segunda era o MG – Montepio Geral e a terceira ADSE, associação para a defesa dos servidores do Estado. Sem me perguntarem se eu queria assim era obrigado a querer assim para que um dia, quando tivesse 36 anos de serviço (disseram) ao Estado me darem a dita reforma. Parecia bem, recebia-se reforma em função dos números e meses de trabalho e do montante do vencimento.

Foi assim com a formação superior. Frequentava-se um curso vocacionado para ensino, terminava-se com habilitação para ser professor e ainda, quando não fosse vocacionado, fazia-se um estágio profissionalizantes e obtinha-se a “carta para ensinar”.

Foi assim com as auto-estradas que não tínhamos. Se forem alternativas a estradas nacionais, apenas mais rápidas, teríamos que as pagar para utilizar (vulgo portagens); parece justo. Se forem estradas de ligação para regiões que não tinham sequer estradas eram as IP, SCUT e mais tarde as A, mas estas não perguntaram a ninguém se as queríamos. Fizeram-se com dinheiros que a Europa nos oferecia a preço mais baixo e doava cerca de 75% do custo, tendo o Estado (nós todos) que pagar apenas os restantes 25%. E apregoou-se a construção no âmbito da solidariedade e coesão territorial, isto é, para que mesmo os coitados das aldeias pudessem viajar em estradas sem buracos e os citadinos pudessem visitar as suas famílias e trazer as batatinhas, galinhas e couves para as cidades.

Mas há sempre uns inteligentes que cheiram o negócio: vamos arranjar umas empresas tipo públicas que aceitem construir agora e ficarem a receber uma renda anual por muitos anos a seguir. Apetecível e dava jeito pois eles constroem e nós Estado, só pagamos a prazo.

Um dia chegam as faturas que são grandes e o Estado que não acautelou o dinheiro que estava nos pouquinhos começa a ir buscar aos outros pouquinhos da segurança social, das reformas, etc e baralhou tudo de tal maneira que nenhum pouquinho ficou sustentável pois os gestores públicos encarregaram-se de os exaurir por completo. De quem é a culpa? Já ninguém se lembra e atira-se para quem der mais jeito na altura. Foi o…….Solução?

Bom pessoal, vamos ter que pagar todos. Ou melhor todos os que passarem por lá. Aumentam-se as portagens antigas e aplicam-se pórticos (que nem chiam) nas novas que nem seriam todas precisas mas deu jeito a algumas empresas de amigos como trabalhinhos para manter os salários ou mesmo trabalhos extra e a mais já previstos mas ocultos.

E vem o descalabro. Como a malta reage e não queria pagar fazem-se greves à passagem nas SCUT, sobrecarregam-se as antigas estradas já de si caóticas. Mas eles sabem que é tudo uma questão de tempo, o povo é sereno e acabará por pagar as portagens e deixa de consumir outras coisas que lhe fazem falta mas…

Mas o que irrita mesmo e me levou a escrever esta crónica é que aquela cambada recebe as portagens, deixou de fazer a manutenção e o tal Estado que as contratou não nos defende minimamente. Já passaram por acaso na A25 recentemente? Valia a pena uma reportagem televisiva de denúncia. Uma vergonha, sobretudo em noites de chuva pois nem se percebe onde começam e acabam as faixas de rodagem, onde preto e cinzento ofuscam as linhas de marcação que já estão sumidas e não se vêem e onde os lençóis de água são mais que muitos e provocam deslizes e derrapagens permanentes mesmo que a circular a 60-70 kms/h. CRIMINOSO.

Em resumo, o Estado deixou de ser uma pessoa de bem porque é ocupado por profissionais do efémero, não preparados, incompetentes e que usam os dinheiros públicos sem nunca terem feito qualquer exame de admissão à função ou sem que se lhes exijam alguns requisitos mínimos como seja a idade, a honestidade e a nobreza de carácter.

Foi por isso que perdi os direitos dos meus contratos de ADSE, CGA e MG e terei que trabalhar com descontos mais 11 anos para poder vir a receber apenas 70-80% do que seria esperado e não consigo identificar junto de quem reclamar ou apresentar o meu prejuízo.

Foi por isso que perdi a beleza das antigas estradas nacionais com muitas curvas que o Estado nos oferecia e ganhei umas estradas rápidas óptimas que deixaram de o ser e ainda por cima as pago (havia aqui um velho ditado apropriado que, por decoro me escuso de transcrever).

Mas entretanto tenho muitos conhecidos que trabalharam 8 anos como políticos e adquiriram o direito a uma pensão vitalícia. Acham isto normal? Então indignem-se faz favor.

Por: Pedro Guedes de Carvalho

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