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Dia Mundial da Luta contra o Cancro

Dia Mundial da Luta contra o Cancro

Dia Mundial da Luta contra o Cancro

As doenças oncológicas são um flagelo na actualidade, constituindo a principal causa de anos potenciais de vida perdidos e a segunda causa de mortalidade no nosso País.

Em diversos países, como Japão, Holanda e França, a mortalidade proporcional por doenças oncológicas já ultrapassou os 30%, ou seja, 1 em cada 3 óbitos deveu-se a uma doença oncológica. Em Portugal, na última década, a mortalidade proporcional tem-se situado à volta dos 25%: 1 em cada 4 portugueses morre em consequência de uma doença oncológica (mais de 27 500 óbitos por doenças oncológicas do total de pouco mais de 110 000 óbitos registados no País).

A maior capacidade de diagnóstico, em consequência da melhoria do conhecimento científico e dos desenvolvimentos tecnológicos, e, principalmente, a maior longevidade das populações dos países mais desenvolvidos têm contribuído para o aumento progressivo da incidência das doenças oncológicas.

Em Portugal, em especial desde 1985, a esperança de vida ao nascer tem vindo a au­men­tar a um ritmo quase constante de mais um ano em cada quinquénio, passando de 73,23 naquele ano para 80,78 anos em 2017, considerando ambos os sexos. Sendo as doenças oncológicas, no geral, com maior incidência nos grupos etários mais avan­ça­dos, o progressivo aumento da sobrevida tem causado maior número de cidadãos que atinge as idades de maior susceptibilidade ao aparecimento de doenças oncológicas.

Neste aspecto, é curioso o que se verifica em Portugal e nos Países de Expressão Portuguesa, quando se compara a esperança média de vida com a mortalidade proporcional por doenças oncológicas (dados adaptados da OMS, 2011-2012): Portugal (80,0 anos/26%); Brasil (76,2 anos/16%); Cabo Verde (74,5 anos/10%); Moçambique (52,5 anos/3%); Angola (52,0 anos/3%); Guiné (50,0 anos/3%).

Um outro aspecto curioso é o da comparação da mortalidade proporcional por doen­ças de comunicação obrigatória (maioritariamente infeciosas), maternas e perinatais e mortalidade proporcional por doenças oncológicas (dados adaptados da OMS, 2011-2012): Portugal (9%/26%); Brasil (14%/16%); Moçambique (66%/3%). Nos países de elevadas taxas de mortalidade por causas que atingem grupos etários mais jovens, a mortalidade proporcional por cancro é muito baixa.

O panorama actual de Portugal não é significativamente diferente do dos países desenvolvidos. Os problemas individuais, familiares, sociais e económicos motivados pela “epidemia” de doenças oncológicas são um desafio constante à capacidade organizativa dos Serviços e das Instituições, com capacidades de resposta dependentes de decisões nem sempre as mais adequadas ou eficientes.

Algumas notas soltas, para reflexão:

Não há soluções fáceis para nenhum dos pontos postos à reflexão. Permanen­te­men­te há que atender às necessidades e particularidades de cada um, propor­cio­nando melhorias progressivas no panorama global.

Hoje estamos muito melhor do que nas décadas precedentes. Continuemos a preparar o futuro com a mesma consciência de C. de Bode (OMS): “o cancro afecta todos, novos e velhos, ricos e pobres, homens, mulheres e crianças, e tem impacto enorme nas famílias e nas sociedades… mais de 30% dos casos podem ser evitados pela adopção de hábitos de vida saudáveis e por imunização para infecções causadoras de doenças oncológicas. Outros podem ser detectados precocemente, tratados e curados. Mesmo nos estádios avançados da doença, o sofrimento pode ser aliviado com bons Cuidados Paliativos”.

Rui San-Bento de Sousa Almeida
Assistente Graduado Sénior de Medicina Interna
Responsável pela Unidade de Oncologia Médica do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada EPER

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