No próximo dia 10 de fevereiro, quatro portugueses, um deles ex-piloto de F1 e ex-bicampeão nacional de ralis, vão estar aos comandos de duas “vulgares” Renault 4L no East African Safari Classic Rally, o maior e mais duro rali de automóveis clássicos do mundo.
Uma odisseia de nove dias e 5.000 quilómetros, mais do que a distância entre Lisboa e Moscovo, disputados nas duras picadas africanas do Quénia pelas duplas Pedro Matos Chaves/Marco Barbosa e António Pinto dos Santos/Nuno Rodrigues de Silva com o único objetivo focado na chegada ao pódio final e homenagearem os 60 anos do icónico modelo da Renault.
Está dado o mote para a participação do “Team Renault 4L 60th Anniversary – Portugal” no East African Safari Classic Rally. Uma prova reservada a automóveis históricos de duas rodas motrizes, anteriores a 1986. Mais do que uma luta contra o cronómetro (sim, porque não se trata de um rali de regularidade), será uma prova de superação para as duplas nacionais e, mais ainda, para as duas Renault 4L. A razão é simples. Parafraseando Helen Adams Keller, “A vida ou é uma grande aventura ou então não é nada”.
Em relação às muitas Renault 4L com que nos cruzamos nas estradas de todo o país, são muito mais as semelhanças do que as diferenças. Para enfrentarem aquele que é o mais longo e duro rali de automóveis clássicos do mundo, nem os motores foram alvo de qualquer preparação. Ou seja, são rigorosamente de série, debitando 34 cavalos de potência e permitindo atingir uma velocidade máxima que não é superior aos 120 quilómetros hora. A exemplo do motor, também de origem são a direção não assistida e a caixa de quatro velocidades, com a tradicional alavanca posicionada no tablier (ao lado do volante) e acionada, de forma vertical, para a frente e para trás.
Parece impossível, mas é verdade. As duas Renault 4L do “Team Renault 4L 60th Anniversary – Portugal” vão enfrentar os 5.000 quilómetros nas duras picadas do Quénia apenas beneficiando de reforços de carroçaria e de suspensão, bem como dos equipamentos de segurança exigidos pela FIA (Federação Internacional do Automóvel). Uma aventura sem precedentes, que promete produzir 1001 estórias, e onde o icónico modelo vai ser, mais uma vez, posto à prova, 43 anos depois de ter conquistado o segundo lugar no Rally Paris-Dakar.
Tudo a postos, portanto, para a grande aventura do “Team Renault 4L 60th Anniversary – Portugal”. Um projeto verdadeiramente peculiar e que, certamente, não deixará os amantes da Renault 4L indiferentes, prolongando o legado de sucesso do modelo.
Realizado pela primeira vez em 2003, a 10ª edição East African Safari Classic Rally disputa-se ao longo de nove dias, nas regiões quenianas de Nakuru, Elgeyo Marakwet, Baringo, Laikipia, Kajiado, Taita Taveta e Kilifi. Uma prova que reacende o espírito do original Safari Rally, que colocou a África Oriental no mapa do automobilismo e que ganhou a reputação do mais difícil rali do mundo.
Para a edição de 2022, com partida marcada para o dia 10 de fevereiro, estão inscritas 48 equipas, formadas por pilotos de 15 nacionalidades. Aos comandos de um Porsche 911, o americano Ken Block é um dos cabeças de cartaz do East African Safari Rally. A Renault 4L da dupla Pedro Matos Chaves/Marco Barbosa vai ostentar o número 46 e a de António Pinto dos Santos/Nuno Rodrigues da Silva o número 47.