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Eleições Europeias. Onde está a Europa?

A Europa precisa de um valente susto!

Dizem que estão aí as eleições para o Parlamento Europeu, embora não pareça. Quem estiver atento à campanha, quase a contragosto, dos partidos do malfadado arco da governação, mais parece que as eleições são para as Juntas de Freguesia que englobam a Lapa, o Largo do Rato e o Largo do Caldas. Uma coisa assim caseira e irrelevante. Resume-se a um confrontozeco de tricas e azias partidárias, que não chegam sequer à fronteira com Espanha, quanto mais à Europa.

Isto compreende-se porque eles nada têm a dizer acerca da Europa, até porque, o que os separa neste âmbito é muito pouco comparado com aquilo que os une. Portanto, para quê falar da Europa?… Até não lhes convém mesmo nada agitar as águas, porque eles já sabem que o papel deles, relativamente à Europa, é pura e simplesmente, obedecer-lhes! Nada mais lhes resta e também, diga-se em abono da verdade, nem eles outra coisa ambicionam…

O verdadeiro debate europeu seria para eles uma maçada e um risco que não querem correr. Vai daí, largam-se os contendores, Rangel e Assis, que esgrimem banalidades e acusações balofas, arregimentam-se os generais na reserva, que puxam das estrelas e dos mitos criados no passado e tudo se resume a mais um capítulo da eterna querela partidária a ver quem consegue mais provas de violência doméstica de parte a parte. A Europa fica de fora, até porque eles acham que os portugueses não têm ideias sobre a Europa. Alguma vez os governos de Portugal se dispuseram a pedir a opinião dos Portugueses sobre tão elevado assunto?… Já foi assim quando da adesão à Europa. Continuou quando da adesão ao Euro e tem-se mantido inalterável com a aprovação de todos os tratados europeus. Os governos decidem, os portugueses obedecem e aguentam com a canga que lhes cabe como europeus bem comportados e a Europa agradece…

Felizmente que ainda há partidos interessados em pôr a Europa em questão e que ousam discutir o indiscutível. A Europa que foi um sonho para muitos, tem-se revelado um pesadelo e há muita gente que tem vontade de se pronunciar, muito embora o poder tudo faça para manter a Europa fora dos temas de discussão, como se a Europa fosse um dogma, ou pior ainda, fosse um pecado e um crime lesa pátria, pôr dúvidas sobre tal matéria ou tecer críticas sobre o rumo intolerável das políticas europeias que têm sido levadas a cabo.

Existe em Portugal uma corrente de grande cepticismo sobre a Europa que os políticos europeus têm vindo a construir, ou talvez, melhor dito, a desconstruir. E é bom que esses portugueses encontrem espaço político para acender o debate absolutamente urgente e necessário. Não há políticas de estado, a nível nacional ou mesmo europeu, que salvem esta Europa decadente e atolada em criminosas manobras e jogos de interesse económicos e financeiros.

A Europa precisa de um valente susto! Precisa que os eleitores mostrem, a nível global, o seu descontentamento e a sua recusa a serem sacrificados até à derrota final dos verdadeiros desígnios da Europa, uma Europa que homens sérios e convictos um dia sonharam sem sequer imaginarem que outros homens viriam mais tarde a vender por um punhado de benefícios financeiros e troféus de um poder corrupto e criminoso. Esta Europa, que não é a Europa que todos defendiam, precisa de se confrontar com um rotundo não à sua política actual e tem que sofrer o maior susto de que haja memória, desde que a paz na Europa sucedeu à guerra que quase destruiu o nosso continente.

Por: Ernani Balsa
“escreve sem acordo ortográfico”

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