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EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS

Mais frustração que resultados positivos

Leopardo do Gilé

A indústria extractiva em Moçambique contribuiu nos últimos anos, para a criação de optimismo, mas pouco trouxe de concreto aos moçambicanos em geral, que vêem pouco ou nada o seu bem-estar a ser afectado, concluiu um estudo recente produzido pela Fundação Friedrich Ebert (FES).

O estudo, intitulado “Transformação Económica em Moçambique- Implicações para a Segurança Humana”, elaborado pela investigadora Katharina Hofmann realça que, “apesar de mais de uma década de crescimento económico acentuado, o país continua sem conseguir transformar a estrutura da sua economia”.

De acordo com o estudo a que tivemos acesso, “a descoberta e exploração de recursos naturais, como o gás e o carvão mineral, atraem um crescente investimento estrangeiro ao país”, contudo, “para já, as expectativas dos moçambicanos são bem maiores que os benefícios” na medida em que, dada a exigência que a actividade impõe, o crescimento do investimento externo no sector coloca a nu a falta de mão-de obra qualificada no país, mas também um desafio para o governo, que é a necessidade de apostar na formação, sobretudo, de jovens.

“As multinacionais estrangeiras que entram no país, trazem trabalhadores qualificados e o problema é que as pessoas que vivem nessas áreas não beneficiam verdadeiramente dos recursos”, observa o estudo.

O relatório conclui que o bem-estar e a segurança da população, quer nas cidades, quer nas zonas rurais, está a ser negativamente afectado, nomeadamente, através de problemas gerados pelo reassentamento, preços dos produtos básicos, até em termos ambientais.

A investigadora que conduziu o estudo disse, em entrevista à comunicação social que existe um mal estar generalizado que está a ser gerado e que tende a crescer devido a falta de comunicação da elite política para com a sociedade.

“Há claramente falta de transparência em relação aos contratos (com as grandes empresas), e há grupos da sociedade civil a exigir que sejam públicos”, sustentou a fonte.

A investigadora alerta para o alto potencial de conflito latente, resultante de um crescimento económico e transformação social rápidos, que se opõe à lentidão das alterações políticas lentas, lembrando, contudo, que “um conflito não tem necessariamente de ser negativo, podendo até ser construtivo se servir para mudar políticas e aumentar a participação das pessoas na política e na economia”.

O crescimento económico tão propalado dentro e fora do país somente atinge alguns, principalmente os que se encontram bem instalados nas suas poltronas do poder e toda a sua “entourage”.

Mais de 90% da população moçambicana, ainda “espera para ver”. Resta saber até quando…

Por: Leopardo do Gilé, algures em Moçambique.
“escreve sem o acordo ortográfico”

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