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GUERRILHAR E VOTAR…EM PLENA COMUNHÃO

Leopardo do Gilé

A Resistência Nacional Moçambicana (Rena­mo) reiterou esta segunda-feira dia 18 de Novembro, ser “indispensável” a presença de mediadores nacionais e observadores estrangeiros para que sejam retomadas as sessões de “diálogo” com o governo moçambicano em Maputo visando a resolução da crise política e militar no país.

O posicionamento foi expresso em conferência de imprensa em Maputo, concedida por Saimon Macuia­ne, chefe da delegação da Renamo no processo negocial, de resto já interrompido pela sua improdutividade ao cabo de mais de seis meses.

“Mais do que necessária, a presença de mediadores nacionais e observadores internacionais é fundamental e indispensável para o reinício das negociações na mesa entre a Renamo e o governo”, sublinhou Saimon Macuiane.

Moçambique vive a sua pior instabilidade política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, devido a confrontos entre o Exército e antigos guerrilheiros da Renamo, principalmente no Centro do país, na sequência de diferendos entre o movimento e o Governo em torno da legislação eleitoral.

Questionado sobre que mediadores poderiam intervir nas negociações entre as duas partes, o chefe da delegação da Renamo apontou a União Europeia (UE), a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Africana (UA) como entidades com credibilidade para esse papel.

“Em África, quando dois irmãos mais velhos não se entendem, recorrem a pessoas com credibilidade na comunidade para ajudarem. Essas entidades podem ajudar”, enfatizou Saimon Macuiane.

Destacando que o principal partido da oposição vem exigindo há já algum tempo a presença de mediadores nas negociações com o go­verno, o chefe da delegação da Renamo apontou que o agravamento da tensão tornou imprescindível a presença de mediadores.

“Com o ataque a Sadjun­jira, residência oficial do presidente Afonso Dhlaka­ma, abriu-se um novo rumo dos factos da negociação”, enfatizou Saimon Macuia­ne.

Afonso Dhlakama, líder da Renamo, foi expulso no pas­sado dia 21 de Outubro, do acampamento em que vivia no Centro do país durante uma incursão do Exército moçambicano, estando hoje em parte incerta.

Eleições à moçambicana

Enchentes em algumas assembleias de voto e outras “às moscas”, detenções de fiscais da oposição e jornalistas, omissão de nomes de eleitores de uma candidata a edil, interferências de “secretários”, polícias e militares caracterizaram as quartas eleições autárquicas de Moçambique que, no fim, certamente serão rotuladas de “livres, justas e transparentes”.

Verdadeiramente, durante as primeiras horas de votação assinalaram-se algumas enchentes na maioria das assembleias de voto, cenário que se foi atenuando à medida que o tempo passava, mas também casos houve em que pouca gente foi votar nestas eleições boicotadas pelo maior partido da oposição, a Renamo. Relatos de diversos informantes davam conta de algumas filas em assembleias de voto nos municípios de Inhamba­ne, Macia, Cuamba, Maxixe, Lichinga e Ilha de Moçam­bique. Em municípios como Monapo, Chókwè, Maganja da Costa, Ribaué, Nhama­tanda, Pemba, Vilankulo, Gondola e Guruè havia uma substancial afluência e até algumas reclamações de morosidade no processo por parte dos Membros de Mesa de Voto, levando alguns eleitores a abandonarem os locais de voto.

Foram reportados casos de “voto múltiplo” na Ilha de Moçambique, na província nortenha de Nampula onde os eleitores estão sendo autorizados a sair das assembleias de voto sem molhar os dedos com tinta indelével, e em seguida, votar em outra mesa de voto com outro cartão de eleitor. A membros do Observatório Eleitoral foi negada a credenciação pela Comissão Eleitoral da Cidade da Beira, estando assim impossibilitados de monitorar as eleições nesta cidade-cha­ve. A justificação dada foi de que a comissão não possui plástico para produzir as credenciais.

Em várias escolas em Quelimane (centro de Moçambique, província da Zambézia), os observadores notaram soldados armados perto de escolas e num caso sentados em frente à estação de voto.

A lei eleitoral permite que agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) permaneçam mais perto das assembleias de voto, mas diz que os militares devem permanecer a mais de 300 metros de distância. Em Que­limane em certas assembleias de voto houve mesas de voto com apenas 3 a 4 membros, em vez de cinco, o que tornou a votação mais lenta.

Houve casos de nomes omissos como foi exemplo o município de Massin­ga, onde três inscritos na Escola Secundária da Massinga, nos cadernos 101 a 103, não puderam votar porque os seus nomes não constavam dos respectivos cadernos. Em Quelimane também foram reportados casos desse tipo.

Os resultados definitivos das eleições só serão conhecidos na sexta-feira, e em alguns munícipes na próxima segunda-feira dia 25 de Novembro. Somente a partir deles poderemos narrar ou tecer mais comentários sobre estas eleições.

Por: Leopardo do Gilé, algures em Moçambique.
“escreve sem o acordo ortográfico”

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