Já cheira a Natal, não sentem? Como eu gosto disto! E não falo daquilo que representa, nem daquilo que incute.
Porque, primeiramente, não sou cristã, aliás, não tenho qualquer crença religiosa. E em segundo lugar, porque penso ser, mais uma das nossas infinitas invenções, sempre voltadas para o consumismo, em que une forçosamente os parentes (forçosamente amados), conhecidos e em alguns casos, também os que não conhecemos, para “encher o bucho”, dez vezes mais do que o dito normal, como se não houvesse amanhã. Mas o problema, é que o amanhã existe sempre…quando não o queremos! Doravante, presenteamo-nos, com coisas de que não precisamos, com dinheiro (inexistente) de que precisamos e depois, vamos todos para os respetivos aposentos, irritados com toda a exorbitância gasta. E atenção, todo este exercício é feito, ininterruptamente, a comer. No dia seguinte levantamo-nos, ainda fatigados, para nos dirigirmos então para o almoço de 25, e talvez jantar, desse mesmo dia. E, talvez ainda, continuemos a comer durante a semana que se segue, devido aos chamados “restos”, excedente este intencional. Resultado? Sem resultado. Pois continuamos, com um outro evento festivo importantíssimo! A passagem de mais um ano, para outro igual. É raro ser diferente!
Natal? Uma espécie de pedagogia materialista, e de união. Réveillon? Uma espécie de pedagogia materialista, e de esperança. Como em tudo na vida, há sempre dois lados de um mesmo assunto. Temos aptidão para escolher sempre o errado!
De resto, e do que realmente gosto, é do belíssimo aconchego sentido pelas ruas, neste caso, destacando as de Lisboa, com quem eu mais tenho convivido, devido à tão visível decoração e iluminação, esta última que nos enche a alma. Acrescentando, a brisa gélida conjugada com os tão caraterísticos aromas, ficamos com o pacote completo. Pelo menos é nisso, que queremos acreditar.
Mas enganamo-nos! Uma vez mais! Repetimos o erro! Erro esse que idolatramos!
A miséria espalhada no exterior mantém-se, a degradação do nosso interior contínua. Porque não passa tudo, de um par de semanas ilusórias, de que os donos do país tanto devem amar. A economia cresce, as pessoas perdoam. Depois percebemos que é mais um parente de sazonalidade, e a ira volta. E lá vamos nós outra vez…2014!
O que poderei eu concluir? Que ilusões como estas, também são precisas!
Por: Daniela Simplício