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Mães e crias em migraçÔes pouco pacíficas

Mães e crias em migraçÔes pouco pacíficas

Uma mãe e a sua cria nadam, lado a lado, ao longo da costa numa zona de åguas baixas. Depois do nascimento e de ser amamentada pela mãe durante alguns meses, a cria estå pronta para uma das mais longas migraçÔes feitas por qualquer mamífero. São baleias cinzentas (Eschrichtius robustus) e deslocam-se cerca de 9.000 km entre a zona de reprodução de inverno no Golfo da Califórnia e a zona de alimentação de verão no Mar de Bering.

Atualmente jå só existem no Oceano Pacífico depois de, no Atlùntico, terem sucumbido a séculos de caça. A captura perpetuada pelo homem visava esta baleia que, apesar de dar luta e de ter grandes dimensÔes, desloca-se quase sempre junto à costa. Apesar de tudo, encontravam poucos predadores à sua altura. O homem era um deles e a captura foi tão intensa que no século XVIII jå não restava nenhum destes grandes migradores no Atlùntico. Uma situação que se mantém até aos dias de hoje.

Inexplicavelmente, e quase por acaso, foi avistado no verão de 2010 um indivíduo no Mar Mediterrùneo. Um errante do Pacífico ou um remanescente da população do Atlùntico perguntaram-se os cientistas? De onde vem e para onde irå? Perguntava-se ainda quem fotografou a sua barbatana caudal e assim identificou o animal em duas ocasiÔes, em dois locais distintos. Mas não voltou a ser visto, nem este animal, nem nenhum outro desde então.

Resta-nos virar a nossa atenção para os cerca de 20.000 indivíduos que resistem no Pacífico. Mas não pacificamente. Continuam a enfrentar um predador igualmente temível: a orca! Sendo este o maior dos golfinhos, é um dos mais ativos predadores marinhos e alimenta-se de peixes, mas também de aves e de outros mamíferos marinhos. E no Pacífico, existem orcas que caçam crias de baleias cinzentas!

Ainda que o par de baleias cinzentas se aproxime da costa em busca de proteção, um grupo de orcas detetam-nas e cercam-nas. Depois, afastam a mĂŁe da cria e mantĂȘm esta abaixo da superfĂ­cie atĂ© que deixe de respirar. As orcas atacam Ă  vez, mostrando Ă s suas prĂłprias crias como se processa a captura. Comem-lhes a lĂ­ngua
 Deixam o resto do corpo.
A baleia cinzenta, depois de investir toda a sua energia no parto, na amamentação e na viagem, permanece ao lado da sua cria morta. TerĂĄ agora que esperar mais um ano para encontrar um parceiro e acasalar, e ainda outro ano de gestação para que nasça uma nova cria. E depois, serĂŁo novamente apenas mĂŁe e cria esperando nĂŁo se cruzar, na prĂłxima rota de migração para o pacĂ­fico norte, com o seu Ășnico predador.

Na proximidade das baleias, mantĂ©m-se o grupo matriarcal de orcas, dominado por uma fĂȘmea e onde as crias ficam com as suas mĂŁes durante tempo suficiente para aprender tĂ©cnicas de caça e de comunicação. Depois disso, os machos juvenis afastam-se do grupo, as fĂȘmeas juvenis permanecem.

Uma mãe e a sua cria nadam, lado a lado, ao longo da costa numa zona de åguas baixas. São orcas e fortalecem com mais uma captura, bem-sucedida, a sua ligação para a vida.

Cristina Brito
Apimprensa / CS

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