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Nove meses para uma consulta de Oftalmologia no Algarve

Nove meses para uma consulta de Oftalmologia no Algarve

O Algarve é uma das regiões do país onde os tempos de espera estimados para uma consulta de oftalmologia não-urgente, podem chegar aos nove meses, segundo a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), que divulga dados que apontam para tempos de espera de 262 dias em Portimão, 141 dias em Lagos e 99 dias em Faro.

A oftalmologia é das especialidades com maiores tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde em Portugal. Segundo um estudo da Universidade Nova, dois terços dos casos de deficiência visual e cegueira seriam evitáveis com um diagnóstico realizado a tempo.

Em 2014, Portugal assinou um compromisso com a Organização Mundial de Saúde para reduzir a cegueira e deficiência visual evitável em 25% até 2019, onde se comprometia, entre outras coisas, a que todos os portugueses tivessem acesso a cuidados primários de visão, que implicaria a contratação de mais oftalmologistas, enfermeiros e optometristas.

Com listas de espera mínimas de dois meses, Portugal continua a não cumprir com compromisso “Saúde de Visão Universal” assumido com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2014, que visa a redução da cegueira e deficiência visual evitável em 25% até 2019 e que, para tal, seria necessária a contratação de oftalmologistas, enfermeiros e optometristas para o Sistema Nacional de Saúde.

Assinado em 2014 por todos os estados-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), o compromisso global intitulado “Saúde de Visão Universal”, tem como objetivo reduzir em 25% a cegueira e a deficiência visual evitável até 2019. Portugal comprometeu-se então, como os restantes estados-membros, a reduzir os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde (SNS), formar profissionais da saúde da visão qualificados (oftalmologistas, enfermeiros e optometristas) e garantir que todos os cidadãos tenham acesso a consultas de optometria, como a especialidade que assegura os cuidados primários na saúde visual e que, em caso de doença ocular, reencaminha para a especialidade de oftalmologia.

O recurso a optometristas, tal como recomendado pela OMS, permite libertar o oftalmologista para o tratamento de doenças oculares onde o seu papel é essencial e indispensável, libertando-o assim da avalanche de casos que seriam adequadamente resolvidos nos cuidados primários, tal como indicando no relatório Bases de Reflexão para um Programa Nacional de Saúde da Visão. A ausência de optometristas no SNS é uma das principais causas para o estrangulamento dos serviços de oftalmologia de vários distritos, como por exemplo, na unidade de Chaves do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, o tempo de espera por uma consulta é superior a dois anos.

De acordo com dados da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), existem cerca de 285 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo que, quatro em cada cinco destes casos seriam evitáveis se tivessem acesso atempado a uma consulta com um optometrista e respetivos cuidados médicos. Em Portugal, o número de pessoas que sofre de algum tipo de deficiência visual ultrapassa os 2 milhões e, segundo o Conselho Europeu de Optometry e Óptica, Portugal é um dos 3 países europeus onde o acesso à profissão de Optometrista não está regulamentado e onde os Optometristas ainda não estão integrados no Serviço Nacional de Saúde, apesar do compromisso assumido com a OMS.

A não regulamentação da especialidade de optometria, permite também que neste momento haja em Portugal mais de dois mil indivíduos a exercerem a profissão sem as qualificações necessárias ao desempenho clínico da função, diagnosticando e aconselhando pacientes para tratamentos clínicos.

Em Março deste ano, um estudo da Universidade Nova, divulgado pela APLO, da autoria de Alexandre Lourenço e Pedro Pita Barros, intitulado “Saúde da Visão – Impacto Sócio Económico” estima que anualmente, os custos da baixa de produtividade causadas pelas deficiências visuais ascenda a valores entre os 203 e os 722 milhões de euros e que o custo para contratar um milhar de optometristas para o SNS, permitiria cobertura nacional de cuidados primários para a saúde da visão, num investimento que se traduziria em 28 milhões de euros.

Atualmente, o tempo médio de espera para uma consulta de oftalmologia no SNS ronda os seis meses[i], tempo que agrava os sintomas dos utentes, de forma irreversível em muitos dos casos. Em hospitais como o de Chaves, o tempo de espera indicado para uma consulta de oftalmologia é de 1.046 dias, em Santarém de 497 dias e Aveiro 331 dias. Na região do Algarve, em Portimão a lista de espera é 262 dias, Lagos 141 e Faro 99 dias.

Para seguir o percurso tradicional do SNS, o utente tem de ser reencaminhado pelo médico de família para uma consulta de oftalmologia, no entanto, há mais de 770 mil utentes sem um atribuído. Segundo o referido estudo, dois terços dos casos de perda de visão após os 50 anos são evitáveis com diagnóstico e tratamento atempado.

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