O cacau, destacou-se como a matéria-prima com melhor performance, registando um aumento aproximado de 185% ao longo de 2024. Estas valorizações deveram-se, sobretudo, ao aumento do défice global em torno da oferta que foi o maior dos últimos 60 anos, causado pelas condições climáticas adversas na África Ocidental, especialmente na Costa do Marfim.
Por outro lado, o café também apresentou um desempenho notável, com os preços a atingirem os níveis mais altos em quase 47 anos. Os futuros de café arábica brasileiro chegaram aos $3,3545 por libra, refletindo um aumento de cerca de 75% este ano. Este crescimento foi impulsionado por preocupações relacionadas com a seca no Brasil, que afetaram a produção e, pelas chuvas no Vietname.
O ouro valorizou mais de 30%, atingindo máximos históricos devido a incertezas geopolíticas, compras por parte dos bancos centrais e aos cortes nas taxas de juro desencadeados pela Fed.
Em sentido oposto, a soja esteve em destaque ao registar fortes quedas. Os futuros de soja na bolsa de Chicago atingiram mínimos de quatro anos, com os preços a descerem 26% em 2024.
Estas quedas foram resultado do aumento da produção global, particularmente devido a um aumento na colheita no Brasil, enquanto o consumo não acompanhou esses aumentos.
Já no caso do trigo também esteve em destaque. A evolução do preço do trigo ficou condicionado ao enfrentar forte concorrência por parte de exportadores como a Rússia e a Ucrânia, o que pressionou os preços a cair mais de 12%, apesar da redução dos inventários globais e o milho sofreu uma queda de preços superior a 5%, apesar do défice global, devido a colheitas melhores do que o esperado nos EUA, na América do Sul e na China.
O que podemos esperar de 2025
2025 será marcado por um conjunto de decisões geopolíticas que irão influenciar o mercado. O petróleo poderá atingir os 50-60 dólares devido às baixas perspetivas de crescimento económico e a um potencial excesso de oferta, caso a OPEP+ volte a aumentar a produção. Isto poderia provocar uma pressão descendente nos preços globais o que ajudaria os Bancos Centrais a atingir os níveis de inflação pretendidos.
Nas matérias-primas agrícolas, as tarifas comerciais poderão influenciar a procura, com o México e a China possivelmente a reduzirem as importações de milho, soja e trigo dos EUA, enquanto novos acordos comerciais poderiam impulsionar os mercados.
A curto prazo, o café e o cacau podem manter a tendência, de alta, devido às incertezas da produção, mas a divulgação dos dados finais das colheitas pode levar a operações de venda para realizar lucros.
O ouro e a prata têm potencial de valorização, mas dependem das decisões da Reserva Federal dos Estados Unidos sobre as taxas de juro. O mercado está a acompanhar de perto as potenciais mudanças de política na futura presidência de Donald Trump, particularmente no que diz respeito às políticas fiscais e comerciais. As tensões em curso na Europa e no Médio Oriente continuam a apoiar a procura de moeda de refúgio, contudo, uma resolução duradoura dos conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente poderia reduzir o prémio de risco do ouro em 10-20%. O Goldman Sachs posicionou o ouro entre o seus principais ativos para 2025, projetando que os preços atinjam os 3.000 dólares por onça até ao final do ano. O UBS mantém uma posição igualmente
otimista com um objetivo de 2.900 dólares, recomendando uma afetação de 5% da carteira.
Por último, não devemos esquecer também a política monetária por parte dos bancos centrais. A perspetiva de mais cortes nas taxas de juro nos EUA ficou mais baixa o que pode provocar mais valorização do dólar face ao euro, levando o par cambial cair para a paridade ou inferior. Isto poderia impulsionar as exportações da Zona Euro e reduzir o preço de algumas matérias- primas.
Fonte: XTB