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O Dia dos Namorados em 2025 é o mais caro da história

O Dia dos Namorados 2025 é o mais caro da história

Os preços do café, do chocolate e do ouro estão a atingir máximos históricos, pelo que se pode afirmar claramente que este Dia dos Namorados não só será mais caro do que no ano passado, como também o mais caro de sempre.

Desde 14 de fevereiro de 2024, os preços do café na bolsa de valores aumentaram 130%, os do cacau aumentaram 68% e os do ouro aumentaram 46%. No entanto, é importante salientar que, um grande problema no caso de todas as mercadorias consideradas, é o facto de apesar dos preços elevados, os montantes mais elevados não irem diretamente para os agricultores ou para os trabalhadores envolvidos na extração.

No ano passado, foram referidos muitas vezes os preços extremamente elevados do cacau, que se poderiam traduzir em preços mais elevados do chocolate. Produtores como a Hershey, a Mondelez, a Mars e a Ferrero recorreram durante muito tempo aos stocks de cacau, reduziramo tamanho das barras de chocolate ou diminuíram a percentagem de cacau nos produtos acabados, de modo a não aumentar os preços por um período máximo de tempo.

No entanto, a disponibilidade de sementes de cacau no mercado é dramática. As existências atingiram o seu nível mais baixo dos últimos 30 anos, a Costa do Marfim e o Gana apenas aumentaram ligeiramente as perspetivas de produção para a campanha em curso. As doenças das árvores, as condições climatéricas e a regulamentação tornam o cacau cada vez mais dispendioso.

Os preços não só ultrapassaram o nível de 10 000 dólares por tonelada, como também ultrapassaram, em determinado momento, o nível de 12 000 dólares por tonelada, o que significa o dobro do preço do Dia dos Namorados em 2024. No entanto, é evidente que este aumento não se traduz necessariamente no dobro do preço de uma barra de chocolate em relação aos níveis do ano passado. A quantidade de cacau nos produtos está a diminuir, o preço depende de outras matérias-primas, como o leite em pó ou o açúcar, e, além disso, dos custos de serviço.

As alterações climáticas são, em muitos aspetos, irreversíveis, mas os preços elevados podem desencadear um desejo de maior investimento por parte dos agricultores, não só em África, mas também na América do Sul. No entanto, isto cria outro problema relacionado com a desflorestação. As próximas regulamentações na União Europeia significarão que os produtores europeus não poderão comprar grãos de cacau provenientes de áreas que tenham sido desmatadas após 2020. Por conseguinte, dentro de alguns anos, os preços do chocolate na Europa poderão aumentar drasticamente, mesmo que aumente a quantidade de cacau no mercado.

O café também nunca foi tão caro. Os preços do café Arábica atingiram 400 cêntimos por libra – quatro vezes mais do que em 2020. Há cinco anos, o café era tão barato que os seus custos de produção excediam muitas vezes o preço de mercado, o que levava os agricultores a abandonar as suas plantações, principalmente na América Central, e a dedicar-se à produção de milho, soja ou cacau, que é popular nesta região. A situação criada foi a de, com o aumento da procura, as perspetivas de produção se tornarem muito limitadas. O consumo de café estava a aumentar não só nos principais mercados, nomeadamente na Europa ou na América do Norte, mas também na Ásia, que é atualmente o principal motor da procura mundial.

Embora se esperasse inicialmente que a época de 2024/2025 conduzisse a um renascimento e a uma recuperação da produção, a realidade revelou-se completamente diferente. As chuvas intensas no Vietname e na Indonésia causam doenças e prejudicam as colheitas, enquanto a falta de precipitação no Brasil limita significativamente as perspetivas de colheita e a qualidade do café. Vale a pena sublinhar que o Brasil é o maior produtor de Arábica do mundo, enquanto o Vietname é o líder na produção de Robusta. Naturalmente, não se trata apenas de fatores climáticos.

O antigo presidente dos EUA ameaçou, em determinado momento, impor tarifas à Colômbia no valor de 25%. A Colômbia é o segundo maior produtor de Arábica do mundo e é frequentemente considerada um produtor de qualidade muito superior, razão pela qual este país é um dos principais fornecedores de café dos EUA. É igualmente importante salientar que os preços elevados não conduzirão a um aumento repentino da produção a curto prazo. As novas plantações precisam de vários anos para produzirem. Por isso, se o clima não melhorar, e com as atuais alterações climáticas as hipóteses parecem escassas, os preços do café podem manter-se elevados nos próximos anos, mesmo com estatísticas alarmantes sobre a diminuição do crescimento do consumo global de café.

Os preços elevados do ouro não reduzem a procura

No ano passado, por altura do Dia dos Namorados, o ouro custava pouco mais de 2.000 dólares por onça. Atualmente, os preços ultrapassam os 2.900 dólares por onça, o que constitui um valor recorde absoluto. Embora a procura de joias tenha sido fraca nos últimos trimestres, principalmente devido a um declínio do interesse na China, noutros mercados, como a Índia, a Europa ou os EUA, verificamos uma procura em constante crescimento. Além disso, a maior procura de ouro em moedas ou barras é registada por investidores que não têm a certeza quanto ao futuro. Além da procura de investimento, a procura por parte dos bancos centrais também tem sido significativa.

Em 2024, os bancos centrais adquiriram mais de 1.000 toneladas de ouro, o que significa que foram adquiridas quase 25% de toda a procura global de ouro. Vale a pena mencionar que o Banco Nacional da Polónia foi o líder indiscutível nas compras de ouro, tendo adquirido cerca de 90 toneladas de ouro. Também se destacam os bancos centrais da Turquia, Índia e China. Se tivermos em conta a procura de investimento e a procura dos bancos centrais, esta destrona a procura de joias, que durante anos foi a base da procura global de ouro, excedendo frequentemente os 50% de toda a procura de ouro. A subida do preço do ouro é impulsionada pela incerteza geopolítica, que é também agravada pelas decisões do novo presidente dos EUA. Só a eliminação de todos os fatores de risco em várias partes do globo poderia anular o prémio de risco no mercado do ouro, que atualmente ascende a pelo menos 15-20%.

Análise: XTB

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