Isto de querer ser aprendiz de feiticeiro tem que se lhe diga, não é fácil, é preciso trabalhar muito na arte dos feitiços. O pretendente deve estar imbuído numa panóplia de saberes teóricos e práticos, bem como, ter arte e o engenho para se banhar nas mesmas águas dos grandes mestres da feitiçaria, ou seja, tem de pertencer ao “clube” em toda a sua plenitude, tarefa que segundo consta, não é fácil de se atingir à primeira, há quem defenda que, só lá chegam os eleitos e com provas do saber-fazer.
O aprendiz de feiticeiro quando se propõe a fazer um feitiço com vista ao sucesso, tem de o fazer passar por várias etapas durante o seu preparo e deve ter em conta entre outros; a escolha dos ingredientes, a sua fermentação e até o simples acto de acender o fogo para o respectivo caldeirão e quão difícil, dizem, é esta etapa.
Assim, quando o aprendiz salta estas ou outras etapas, dizem os doutos na matéria, algo correrá mal e ele, que é novo e não pensa, julga que basta fazer umas ladainhas, tal como viu a jusante as rezas dos grandes mestres da arte, esquecendo-se de todo o trabalho por eles executado a montante.
No dia da prova de fogo, preciso momento, em que, o aprendiz de feiticeiro necessita arrancar valores perante os seus mestres e demonstrar de facto que o feitiço a apresentar é de qualidade e que está direccionado aos objectivos a que se propõe, nada acontece, o feitiço em si não foi eficaz, vira-se contra o seu criador. Dá-se nesse preciso momento o princípio do fim, “ a morte do artista”, o rolar da sua cabeça e o seu afastamento prematuro de uma profissão brilhante e promissora.
Repentinamente, algo parecido me passou pela mente, com muitas semelhanças como é óbvio, do tipo “já vi este filme”, nada mais, nada menos do que, a manifestação anti Dr. Relvas, na segunda-feira, dia 16Jul, em frente à Assembleia da República, dia sem sessão parlamentar com uma actividade especial direccionada ao cidadão, onde a casa da “Democracia” é visitada principalmente por escolas, por outras instituições e os deputados estão noutra.
A dita cuja, foi marcada através das redes sociais, tudo bem, nada contra, mas, o organizador não fez correctamente o “trabalho de casa”, porque não atendeu tal como o aprendiz de feiticeiro, às respectivas etapas organizativas, entre elas, esqueceu-se de aquecer as massas para o evento.
Há massas que percorrem 400 km para entregarem a “Carta a Garcia”, mas, há massas também, que preferem tirar 400 grãos de areia que se lhes cola ao corpo após um belo dia de praia.
O inexperiente mentor esperava 3 mil manifestantes -que nunca lhes viu a cor- mas, na hora da verdade, que é a hora do “contar espingardas”, só se encontravam no local para a “luta”, cerca de duzentos (ver foto supra). Não estando convicto de que algo correu mal, volta à carga, como se de um grande líder se tratasse, enche o peito de ar e fala às massas, para assumir que irá continuar a fazer manifestações todas as segundas-feiras em S. Bento até o Dr. Relvas sair do governo.
Boa! … continue que vai longe!… na próxima segunda-feira será ele e mais 10…
A vida tem destas coisas, é pura e dura para os aprendizes de feiticeiro e quando se trata de feitiços mal feitos não se lhes perdoa, no fundo, isso sim, perdeu-se o verdadeiro momento para se estar quieto.
Ou será que a manifestação era de apoio ao “prestigiado” Dr. Relvas?…
Conforme a voz do povo e com razão, “Água de Julho, no rio não faz barulho”.
Por: Carlos Fernandes de Carvalho
“escreve sem acordo ortográfico”