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O QUE É A INTERNACIONALIZAÇÃO DO DESPORTO?

P.Guedes de Carvalho

O Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Emídio Guerreiro, divulgou que no QREN 2014-2020 vai existir – uma linha de financiamento destinada a apoiar projectos de “internacionalização do desporto”. Estauma matéria que deveria, desde já, ser motivação para uma reflexão aberta, talvez um tema, para debater, agora que se aproximam as eleições autárquicas e vão ser elaborados Programas Eleitorais pelas diferentes forças politicas.

A fazer fé nestas declarações, extraídas do diário digital do Barreiro rostos.pt de 16 de Julho 2013, poderemos ter uma nova corrida a fundos externos construir mais e não estudadas infra-estruturas desportivas. O resto do texto refere a relação entre QREN e autarquias e isso deve deixar-nos muito alerta.

O que deve ser entendido por internacionalização do desporto?

Estaremos a falar de incentivar e apoiar os nossos desportistas a participarem em competições no estrangeiro? Estaremos a falar de “exportar” desportistas portugueses para representar clubes estrangeiros? Estaremos a falar de sermos mais competitivos em concurso aberto para organização de provas internacionais no nosso território? Estaremos a falar de efeitos McNamara com a onde da Nazaré e a confundir desporto e turismo?

Internacionalização, em economia, consegue-se com capacidade competitiva, ou seja, os outros países adquirem os nossos produtos, serviços ou mesmo recursos humanos porque satisfazem as necessidades desses consumidores em condições de preço/qualidade mais vantajosas. Aqui já estou a adivinhar o filme. Com o pretexto de organizar uma prova internacional, as autarquias vão pedir fundos para fazer umas obras de remodelação (se não for mesmo construção de raiz) de infra-estruturas desportivas que, depois de utilizadas nessa prova ficam abandonadas por falta de utilizadores.

O anterior secretário de Estado encomendou um estudo a uma empresa (que se deve ter feito pagar bem) que aconselhava desportos e modalidades estratégicas para o Governo apostar, como se de marcas de calçado se tratasse. Só as modalidades competitivas deveriam ser apoiadas; e mais, modalidades competitivas eram as que conseguiram medalhas e o resto que trabalhassem sozinhas. O Governo também fez isso com várias empresas e então vai de apoiar a banca e as seguradoras porque, sendo mal geridas deram cabo de milhões de euros, branqueia-se a competência dos administradores e o povo que pague.

Para saber como e o que internacionalizar é necessário ter elementos e informação qualificada sobre o que se entende por sucesso, quais as metas das políticas desportivas e que avaliação se faz dos organismos responsáveis pelas diversas modalidades. É que temos modalidades que vivem da carolice e obtêm medalhas (canoagem por ex.) e outras subsidiadíssimas com dirigentes há 30 e mais anos no poder, sem qualquer expressão e a receberem grandes quotas dos fundos públicos.

Muito em breve será disponibilizado um estudo com resultados e propostas. Mas feito, como na canoagem, às custas pessoais e sem apoios de qualquer género.

Por: Pedro Guedes de Carvalho

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