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Clube Automóvel de Santo Tirso

O RallySpirit Altice levou o público ao rubro

A sétima edição do único Rally-Legend português inscrito no calendário do Slowly Sideways Europe voltou a redundar num enorme sucesso e por uma simples razão: foi muito, mas mesmo muito mais, do que uma mera luta contra o cronómetro entre as mais de oito dezenas de equipas que alinharam à partida.

No RallySpirit Altice, as estrelas foram alguns dos mais icónicos carros de ralis de todos os tempos e os heróis que os guiaram, muitos deles verdadeiros gentleman’s drivers, mas com paixão e entusiasmo suficientes para viajarem milhares de quilómetros até à ponta mais ocidental da Europa, para mostrarem modelos épicos como o Audi Sport Quattro S1 E2, Lancia Stratos, Toyota Celica Turbo ou Nissan 240 RS e assim darem o seu contributo para que, mais do que uma prova, o RallySpirit Altice fosse um verdadeiro museu a céu aberto.

O público aficionado agradeceu, respondendo com presença massiva nas classificativas, mas também no parque de assistência (Barcelos), nos reagrupamentos (Amares, Barcelos e Santo Tirso), no controlo de passagem (Famalicão), mas também na emblemática Marginal de Gaia e na Foz do Douro (nos Jardins das Sobreiras), no Porto.

Afinal, não é todos os dias que se pode ver um Opel Ascona 400 outrora guiado por mestres como Henri Toivonen e Walter Röhrl, um Toyota Corolla WRC (ex-TTE) ou um Lancia Delta HF Integrale (ex-Lancia Martini Racing) que passou pelas mãos de campeões do mundo de ralis como Didier Auriol ou Juha Kankkunen.

Reviver duelos antigos, que ajudaram a escrever dezenas de páginas do Campeonato Nacional de Ralis, no final dos anos 90, com réplicas perfeitas dos 306 Maxi e Mégane Maxi das equipas oficiais Peugeot e Renault, ou perceber que o piloto Rui Madeira ainda tem o mesmo entusiasmo e dá o mesmo espetáculo, com o original Mitsubishi Lancer Evo com que conquistou a Taça do Mundo FIA de Grupo N, em 1995.

O tempo avançou, mas não apagou as memórias que o RallySpirit Altice ajudou a conservar!

Mas, para além da onda de revivalismo, o evento promovido pela X Racing e organizado, na estrada, pelo Clube Automóvel de Santo Tirso, também elevou a qualidade do espetáculo competitivo, ao longo das 10 provas especiais disputadas, a que se juntaram ainda as Boucles de Barcelos e Gaia.

Dois vencedores, muitas emoções

Na categoria “Históricos”, a vitória foi para a dupla espanhola Xésus Ferreiro/Xavier Vazquez, que conquistaram o primeiro triunfo no RallySpirit Altice, depois de o ano passado terem chegado a ganhar troços. Mas o suspense da luta pelo triunfo durou até mais de meio do rali e só terminou quando Pablo Pázo/Ezequiel Simões viram o Talbot Sunbeam Lotus ceder com problemas de transmissão, entregando o primeiro lugar ao piloto do Ford Escort MK2.

Para o vencedor, “foi uma vitória facilitada com a desistência do Pazó e que não sei se teria sido possível obter sem ela. Nessa luta direta, o ritmo foi sempre muito forte, mas acabámos por chegar ao final em primeiro e nos ralis é isso mesmo que conta. Apesar da quilometragem elevada, gostamos muito da prova, que tem um ambiente espetacular”.

Completando o pódio, a dupla Rui Ribeiro/Pedro Fernandes alcançou o segundo lugar e foi mesmo a melhor equipa portuguesa, deixando o registo da sua melhor classificação de sempre na prova, façanha também obtida por Nuno Vaz/Jó Vaz que se estrearam no pódio. Ambos os pilotos, juntamente com os vencedores, contribuíram para que, em 2022, o emblemático Ford Escort se tornasse o carro a bater ou não tivesse conquistado as quatro primeiras posições e seis lugares dentro do Top 10.

Já na categoria “Spirit”, a contenda pelo triunfo foi ainda mais animada. Ernesto Cunha e Rui Raimundo colocaram, pela segunda vez consecutiva, o Subaru Impreza WRX no lugar mais alto do pódio, igualando o número de vitórias de Pedro Leal e Isabel Ramalho na prova, que venceram em 2017 e 2019 e que, mais uma vez, em nada facilitaram a vida à dupla do Subaru.

Contudo, na terceira e última etapa, no braço de ferro Subaru/Mitsubishi, o pêndulo desequilibrou mesmo para o lado do carro de Cunha, que tirou partido de um Impreza mais eficiente e competitivo, em direção a um triunfo que deixou o piloto extremamente satisfeito: “Duas participações no RallySpirit, duas vitórias, o balanço não podia ser melhor. Foi uma grande luta com o Pedro Leal, que é um grande piloto, por isso, estamos muito contentes. Hoje de manhã decidimos atacar e felizmente a estratégia resultou.”

Com Leal a assegurar o segundo lugar num Lancer já algo “cansado”, restou a Armando Costa/Octávio Araújo, também em Mitsubishi Lancer Evo VI, garantir o derradeiro lugar do pódio, depois de numa fase inicial ter ainda conseguido lutar pelo triunfo.

Na hora do balanço, Pedro Ortigão, responsável da X-Racing, não escondeu a satisfação: “No ano em que o evento cresceu em quilometragem, o que também fez aumentar a nossa responsabilidade, tudo correu da melhor forma. Por isso, sentimo-nos recompensados por ter sido uma das melhores edições de sempre. Demos mais um excelente passo em termos evolutivos e, no próximo ano, temos como objetivo colocar de pé um evento ainda melhor”.

Com o pano a correr sobre a edição de 2022, começa agora a contagem decrescente para o RallySpirit Altice 2023…

Classificação

Históricos
1º Xésus Ferreiro/ Xabier Vazquez (Ford Escort MK2), 57m37.8s
2º Rui Ribeiro/Pedro Fernandes (Ford Escort MK2), a 1m47.1s
3º Nuno Vaz/Jó Vaz (Ford Escort MK2), a 2m48.9s

Spirit
1º Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Subaru Impreza WRX), 57m12.5s
2º Pedro Leal/Isabel Ramalho (Mitsubishi Lancer Evo VI), a 17.9s
3º Armando Costa/Octávio Araújo, (Mitsubishi Lancer Evo VI), a 50.0s

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