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Os limites da estupidez humana

Hoje, sinceramente, não me apetece escrever nada! Estou vazio! Vazio de excesso de informação, de baixa qualidade de notícias, de ruído e de banalização da estupidez, da ignomínia e da maldade dos homens.

Vim só aqui dar-vos este recado e pedir para ninguém sentir a minha falta ou a falta de palavras, porque elas não podem ser desperdiçadas a contar ou comentar a banalidade da baixa qualidade de vida que hoje todos partilhamos, quando as mortes, por exemplo valem apenas números, como se de um campeonato se tratasse. Ficaram surpreendidos com o 7 a 1 com que a Alemanha bateu o Brasil? Então o que dizem ao resultado de 227 a 1, no que se refere a mortos, no conflito entre o Estado de Israel e a Palestina, de 1685 a 0, no que respeita a feridos e de 1660 a 0, no que respeita a casas destruídas. Tudo resultados que dão a vitória a Israel e ainda nem sabemos a quantos minutos vamos da primeira parte, sendo que o tempo da contenda não tem dimensão prevista. Um resultado que ninguém esperava, dado que a Palestina, como todo o mundo sabe, sempre a foi a favorita, nestes confrontos…

Por isto e mais aquilo e muito mais que não me apetece abordar agora, não me apetece mesmo nada comentar o que quer que seja, dêem-me espaço e silêncio para respeitar os mortos e tentar encontrar justificação e limites para a estupidez humana.

Estou saturado do exercício da política fora das quatro linhas do relvado, da arbitrariedade e promiscuidade dos árbitros, da ineficácia dos selecionadores e da animalidade dos responsáveis das federações da guerra e da má política.

Vivem-se tempos de uma loucura acionada por entidades responsáveis. O abate do avião comercial de passageiros abatido, presumivelmente por um míssil, em espaço aéreo da Ucrânia, revela que na prática a tal estupidez humana não tem limites e é usada sem qualquer sentido de responsabilidade. Quem aciona os mecanismos políticos e militares para estas execuções incompatíveis com qualquer sentido de dignidade humana, são responsáveis identificáveis e que se assumem como senhores do mundo. O caos da nossa sociedade está nas mãos e na mais imediata vontade de pessoas que se intitulam líderes e políticos que reclamam a sua legitimidade e equilíbrio, mas isso não é verdade, eles reagem aos mais diversos estímulos de poder e domínio de várias regiões mundiais, consoante os seus interesses, políticos, económicos ou de puro exercício de uma ambição sem limites.

Desculpem lá, mas hoje descarto-me com um pesado silêncio em que me afundo na mais profunda solidão da minha capacidade de entender o mundo.

Nem mesmo aqui por casa, onde todos nós temos a sensação de estar entre gente da nossa confiança, consigo afugentar esta saturação de mentiras, conluios, falsidades, cinismos e morais podres e nauseabundas com que me cercam todos os dias aqueles que viveram um conto de fadas, convencidos que eram os senhores do mundo na nossa terra. Estou farto de entidades divinas de espíritos santos, de lúgubres entidades salgadas ou amorfas, muito bem vestidas e cheias de palavras redondas e reprovadoras sobre o modo como os outros viveram acima das suas possibilidades, enquanto eles se orgasmizavam de cada vez que transformavam papeis em dinheiro vivo, que imediatamente caía nos offshores deste mundo. Personagens que nem deveriam ter coragem para acordar em cada manhã, de cabeça erguida e se ostentavam perante o zé povinho, armados em educadores do povo e perante o poder, como donos e senhores das duas decisões, que tinham obrigatoriamente de lhes agradar e ajudar a encher o baú desavergonhado das suas opulentes riquezas. Estou farto de facínoras e gente de má porte, que não ligam com a minha noção de honestidade e decoro.

Hoje, sinceramente, não me sinto capaz de usar as palavras de outra forma! Sinto-me enojado e ultrajado e só estou à espera que a Guiné Equatorial seja admitida na CPLP, para não poder mais conter o vómito que tudo isto me causa. A bandalheira tem limites!…

Ernano Balsa
“escreve sem acordo ortográfico”

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