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Pintura real regressa ao Palácio Nacional da Pena

Pintura real regressa ao Palácio Nacional da Pena

A Parques de Sintra continua a investir na valorização do acervo dos monumentos que gere. A mais recente aquisição da empresa, para o Palácio Nacional da Pena, é uma pintura que pertenceu ao rei D. Fernando II e que fez parte das suas coleções de arte neste Palácio.

A obra em causa, uma pintura a óleo sobre tela intitulada Um pobre cego (do natural), data de 1852 e valeu ao seu autor, o pintor Francisco Pinto da Costa (1826-1869), uma bolsa de estudos em Paris, concedida por D. Fernando II. Apresentada ao monarca como prova de mérito, a pintura retrata Um pobre cego (do natural), ou seja, alguém que existiu.

A aquisição desta peça é extremamente relevante para o Palácio Nacional da Pena. Assim que o restauro integral da Primeira Sala de Passagem estiver concluído, a obra, comprada pela Parques de Sintra em leilão por cerca de 2 900 €, será colocada neste compartimento e passará a integrar o percurso expositivo, contribuindo para transmitir aos visitantes o tipo de gosto e ambiente decorativo ali existente no século XIX, altura em que pertenceu a D. Fernando II.

Importa salientar que das 114 pinturas que pertenceram a D. Fernando II, e que foram inventariadas nos quartos e salas do Palácio da Pena por ocasião da sua morte, apenas 4 ali permaneceram até aos nossos dias, uma vez que as restantes foram repartidas pelos seus herdeiros. Esta peça, vem, assim, valorizar as coleções de pintura do Palácio, enquadrando-se na estratégia de aquisições da Parques de Sintra, que visa enriquecer o acervo dos Palácios sob a sua gestão.

Por outro lado, a obra agora adquirida, apesar de ser um retrato – do natural –, é representativa de um importante núcleo de pintura dedicado à representação de cenas da cultura popular e de paisagens que D. Fernando II detinha no Palácio da Pena. O conjunto integrava obras dos mais destacados pintores românticos e naturalistas do seu tempo, como Tomás da Anunciação, Leonel Marques Pereira, Francisco de Resende e Cristino da Silva.

Por último, mas não menos importante, esta peça evoca a memória e a importância histórica de D. Fernando II como protetor das artes e dos artistas, a quem concedeu diversas bolsas de estudo e apoiou com a aquisição regular de obras. Entre os artistas apoiados por D. Fernando II, Francisco Pinto da Costa destacou-se pela sua qualidade, que continua a ser consensual entre os especialistas na arte deste período, contudo a sua promissora carreira foi encurtada pela morte precoce. A aquisição de Um pobre cego (do natural) para o Palácio Nacional da Pena permite a fruição pública de uma obra de um pintor de reconhecido talento, que tinha, até agora, pouca representação no contexto dos palácios e museus nacionais.

A Parques de Sintra tem desenvolvido ao longo dos anos uma política consistente de aquisições para os palácios que se encontram sob a sua gestão, um investimento que ultrapassou já um milhão de euros. Entre as peças adquiridas, sobressai a vista panorâmica da Quinta de Queluz de finais do século XVII, início do século XVIII (Palácio Nacional de Queluz), uma salva em prata dourada datada de 1548 e proveniente da coleção de D. Fernando II (Palácio Nacional da Pena), um leito de aparato com elementos decorativos em prata da segunda metade do século XVII (Palácio Nacional de Sintra), assim como um relevo em mármore com uma representação da Virgem com o Menino, obra do escultor do Renascimento italiano Gregorio di Lorenzo (Palácio de Monserrate) − proveniente da coleção de Sir Francis Cook, antigo proprietário de Monserrate, esta peça foi classificada como “Tesouro Nacional” em 2021.

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