Duas portuguesas integraram o grupo de 15 membros da Scientist Rebellion que ocuparam numa ação de protesto, o centro de exposições da Porsche em Wolfsburg, na Alemanha. Este grupo exige ao CEO da Volkswagen, que defenda a implementação de um limite de velocidade de 100 Km, na Alemanha.
Esta ocupação surge na sequência de um protesto climático realizado por 25 cientistas e que se iniciou na quarta-feira no Autostadt em Wolfsburg.
Os académicos manifestaram-se contra a influência nociva da VW nas decisões políticas. Nove elementos do grupo, colaram-se em frente de vários carros de luxo dentro do centro de exposições e exibiram uma tarja branca com um sinal de limite de velocidade de 100 km/h. Exigem que o CEO da Volkswagen fale com eles e defenda, de imediato, um limite de velocidade de 100 km/h em toda a Alemanha.
“Como o maior fabricante de automóveis da Europa, a Volkswagen emite uma enorme quantidade de dióxido de carbono, o que está a provocar uma catástrofe climática em todo o mundo. As pessoas estão a morrer, mas a Volkswagen continua a exercer pressão para atrasar a ação climática. Isto tem de parar, agora. Como os relatórios científicos não parecem ser suficientes, colei-me ao Pavilhão Porsche para evidenciar a calamidade que é a situação atual”, diz a Dra. Marta Matos, bióloga computacional.
“A VW mentiu-nos sobre os níveis reais de emissões dos seus motores diesel e continua a mentir quando afirma que serão neutros em carbono até 2050. A VW depende de programas de compensação de carbono cuja eficácia é extremamente questionável. A VW deve abandonar a sua política de greenwashing que apenas atrasa a mudança climática de que tanto precisamos. Exigimos que o CEO da VW defenda o limite de velocidade de 100 km/h, pois isso representaria uma redução de 5.4 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa por ano“, acrescenta o Dr. Gianluca Grimalda, psicólogo social do Instituto Kiel para a Economia Mundial, que permanece colado no centro de exposições da Porsche e iniciou uma greve de fome.
A VW gasta mais de 6,5 milhões de euros em lobbying em Berlim. Esse dinheiro é utilizado para pressionar os decisores políticos e impedir medidas de proteção climática, tais como o limite de velocidade de 100 km/h e o bilhete de 9 euros para o transporte público. Ao fazê-lo, a VW está a contribuir para o fracasso do acordo climático de Paris. O público deve ser informado sobre a urgência de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, uma vez que existe uma possibilidade real de uma catástrofe global.
Através das suas ações de resistência civil, a Scientist Rebellion, uma coligação de cientistas internacionais fundada em 2021, exige uma ação imediata para limitar os impactos crescentes da crise climática – a nível nacional e internacional. A comunicação científica dita tradicional e a promoção de políticas já não são suficientes face a uma emergência planetária.
Como parte da coligação “Unite Against Climate Failure”, os académicos fizeram soar o alarme de incêndio no passado domingo na Cimeira Mundial da Saúde que teve lugar em Berlim e colaram publicações científicas no edifício da conferência. Na segunda-feira, protestaram juntamente com o grupo “Debt for Climate” no Ministério das Finanças, apelando ao cancelamento da dívida dos países do Sul Global. Na terça-feira, juntamente com o grupo “Parents Against the Fossil Industry”, protestaram em frente do Ministério dos Transportes, exigindo a instauração de um limite de velocidade e a reintrodução do bilhete de 9 euros para o transporte público.
O Climate Emergency Fund (Fundo de Emergência Climática) apoia o recrutamento, formação, desenvolvimento de capacidades e esforços educacionais da Scientist Rebellion.