Nemonte Nenquimo, mulher do povo ‘Waorani’, mãe e defensora da Terra na Amazónia, lança um apelo em defesa da sua floresta natal, quando o governo equatoriano tenta disfarçadamente, vender em leilão, a companhias petrolíferas, mais de 3 milhões de hectares de floresta, virgem intocada.
“Estas terras não estão vazias, elas estão vivas! Respiram com o aroma dos solos encharcados de chuva, a sabedoria dos nossos anciãos, e os risos dos nossos filhos, este é o nosso lar” afirma Nemonte Nenquimo. “Mas se o governo for avante, as nossas florestas podem ser silenciadas, e a força vital que há séculos nos sustenta pode perder-se para sempre“. Por isso, vamos levá-los a tribunal.
Daqui a apenas poucas semanas, “os Waorani e outros povos Indígenas vão marchar sobre a capital equaturiana, exigindo que o Tribunal Constitucional impeça a venda ilegal daquelas terras. Mas mobilizar comunidades inteiras vindas de regiões longínquas da Amazónia é dificil e sai caro, por isso, precisamos de ajuda“.
“Se obtivermos os donativos suficientes, podemos expor a traição do governo, destacar os melhores advogados para litigar cada concessão, e construir uma resistência indígena imparável para defender o que é sagrado. Também irão ajudar a impulsionar a campanha da Avaaz para despertar um movimento global pelos direitos indígenas”.
“Há seis anos, conduzi o meu povo para uma vitória legal histórica que impediu a venda de duzentos mil hectares de terra que os meus antepassados tinham protegido durante gerações. Ganhámos graças ao apoio de membros da Avaaz.org“.
“O governo está a tentar que este leilão ocorra pela calada – e estão a agir com rapidez. Sabem que assim que os tratores comecem a abater a floresta, teremos mais dificuldade em recuperar as nossas terras”.
Mas o verdadeiro tesouro que aqui se encontra não é o petróleo: é a vida! É aqui que os Andes envolvem a bacia luxuriante da floresta virgem, e que inúmeros rios se unem para dar caudal ao Amazonas – criando sustento para milhões de pessoas e para um número incalculável de espécies a jusante destas terras.
“Estamos a enfrentar contratos de biliões de dólares e uma indústria que assenta sobre a destruição. Mas esta floresta é a nossa vida inteira, e é o futuro dos nossos filhos. E nós, guardiões indígenas da Amazónia, não vamos permitir que políticos a troquem por dinheiro”.

Imagem: Nemonte em 2019 com outros membros do Povo Waorani e aliados, depois de ganhar um processo judicial histórico contra o governo equatoriano, que ajudou a proteger da perfuração petrolifera, 200 mil hectares de territórios dos Waorani.