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Maternidade Alfredo da Costa

Protejam-se, que ele vai procriar…

Li e fiquei sinceramente assustado! Passos Coelho descobriu agora o problema da baixa natalidade em Portugal e no sul da Europa. E decidiu tomar medidas, agora que a Troika se foi embora (foi mesmo?…) e ele já tem tempo e paz de espírito para pensar nos problemas estruturais do país. Como o acusavam de ele apenas obedecer às ordens emanadas do estrangeiro, nomeadamente da Europa, ele vai agora começar a disparar em todas as direcções, propondo, exigindo e recomendando soluções para os problemas que antes eram menores.

O problema da fraca natalidade em Portugal está directamente ligado ao pesado fardo que é a Segurança Social ter de pagar o que resta das pensões e reformas aos velhos deste país, vai daí, ele não encontrou melhor forma de anunciar esta sua repentina preocupação da falta de renovação da mão de obra infantil, leia-se a falta de nascimento de novos cidadãos, que hão-de vir a ocupar os novos postos de trabalho em Portugal e por via disso, irão passar a financiar o pagamento das pensões de reforma dos velhos que ainda insistem em continuar vivos, do que fazê-lo durante a inauguração de um lar de idosos no Concelho de Sintra. Como quem diz, vejam lá como eu me preocupo com a velhice e o trabalho que nos dá a pagar a essa mão de obra já sem produtividade nenhuma, lançando aqui um desafio a que todos se ponham a trabalhar para procriarem mais contribuintes. Mas procriar não é aliciante, hoje em dia, com o país meio destroçado e as famílias sem dinheiro, nem para os mínimos da sua subsistência, mas isso é o que menos preocupa o Primeiro Ministro, já que foi isso que a Troika lhe exigiu… e ele cumpriu.

Cuidado pois, porque ele vai fornicar-nos a todos e sem protecção, mesmo que seja coercivamente, que é para gerar novas gravidezes e assim aumentar substancialmente o número de futuros cidadãos contribuintes, por forma a subsidiarem o sistema há já muito tempo anunciado como falido. É tudo uma questão de economia e menos de subsistência da espécie. Aliás, ele pereferiria resolver a questão com muito menos gente, com salários ainda mais baixos… Isso é que era!… Mas mais preocupado fiquei com a sua declaração “esta questão tem uma dimensão que não é estritamente nacional”, sendo necessários “instrumentos à escala da União Europeia para atuar em matéria de natalidade”. Ora querem lá ver que ele vai importar da União Europeia “instrumentos” para o conseguimento desta urgente tarefa?… Mas então os Portugueses não terão instrumentos que cheguem ou os “instrumentos” nacionais já nem têm virilidade e fertilidade suficientes para cumprirem a missão que a natureza lhes deu!?…

Em cada decisão deste Primeiro Ministro há sempre uma componente externa que se vem sobrepor às reais potencialidades nacionais, como se nós não estivéssemos à altura de encararmos as necessidades do país e delas tomarmos conta. No seu entender, não estão em causa “só fundos europeus”. “Claro que há aspectos de natureza fiscal, orçamentais, mas há outros, que têm que ver com a legislação laboral, com a maneira como a vida urbana está organizada”, apontou Passos Coelho, considerando que as soluções “poderão vir a ter ou não algum reflexo em termos orçamentais”. Segundo o primeiro-ministro, é preciso que haja “uma proposta portuguesa que possa ser apresentada em termos europeus».

Mas que raio, então para procriar é preciso Portugal fazer uma proposta à Europa? Será que já perdemos o sentido natural do instinto da reprodução da espécie?… É certo que aquilo que naturalmente está na base do acto de procriar, carece de um “incentivo, a que o povo chama outra coisa, claro, e que muitos de nós, exaustos pela impotência que a austeridade nos tem vindo a provocar e pelo stress a ela associado, perdemos muitas vezes o “incentivo” no momento em que ele é mais preciso, mas para isso, existem hoje fármacos que ajudam a potenciar a natureza no conseguimento do acto.

Esta súbita determinação do Primeiro Ministro é um bocado assustadora e um prenúncio de uma subida significativa de preços nos contraceptivos, por modo a desencorajar a população ainda activa a usá-los e assim contrariar o plano de recuperação da natalidade nacional. Além disso, podemos prever um aumento de medidas impositoras que nos irão afectar a todos, uma vez que para atingir os objectivos, iremos ser fornicados a torto e a direito, podendo mesmo antever-se uma nova legislação que permita a gravidez, não só às mulheres, como também aos homens hetero como homossexuais, para que todos contribuam neste esforço de recuperação de uma bolsa alargada de novos contribuintes que possam colmatar a rezingona teimosia dos velhos em não falecerem a anos previstos e economicamente ajustáveis, não à esperança normal de vida, que descambou para níveis doentios, mas às reais exigências do deficit e de todos os indicadores económicos, que valem hoje muito mais do que a vida das pessoas.

Vamos pois, continuar a ser fornicados… e com a ajuda da Europa!… É o destino!…

Ernani Balsa
“escreve sem acordo ortográfico”

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Li e fiquei sinceramente assustado! Passos Coelho descobriu agora o problema da baixa natalidade em Portugal e no sul da Europa. E decidiu tomar medidas, agora que a Troika se foi embora (foi mesmo?...) e ele já tem tempo e paz de espírito para pensar nos problemas estruturais do país. Como o acusavam de ele apenas obedecer às ordens emanadas do estrangeiro, nomeadamente da Europa, ele vai agora começar a disparar em todas as direcções, propondo, exigindo e recomendando soluções para os problemas que antes eram menores. O problema da fraca natalidade em Portugal está directamente ligado ao pesado fardo…

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