A tendência de subida das rendas das casas nos últimos cinco anos, motivada não só pela falta de oferta de habitação perante a procura, mas também pelo período inflacionista que reduziu o poder de compra e elevou os juros no crédito habitação, empurrando cada vez mais famílias para o mercado de arrendamento.
Perante as dificuldades das famílias em pagar a renda da casa, o antigo Governo de Costa avançou com o apoio extraordinário à renda de 200 euros, com um limite de 2% à atualização de rendas em 2023, bem como com um travão no aumento das rendas de 2% nos novos contratos de arrendamento em 2024, por exemplo.
Mas a chegada do novo Governo liderado por Montenegro em 2024 trouxe mudanças para o mercado: não só quer eliminar o travão de 2% nos novos contratos, como vai alargar a mais famílias o apoio à renda, assim como o Porta 65 Jovem, por exemplo. Isto admitindo que a crise no acesso ao arrendamento em Portugal ainda não tem fim à vista (pelo menos, no curto prazo). A par de tudo isto, também foi aprovado o projeto do PS que vai aumentar, de forma faseada, a dedução das rendas no IRS para 800 euros até 2026 (hoje é de 600 euros).
Com o objetivo de aumentar a oferta de casas para arrendar no médio-longo prazo, o Governo está a preparar, entre outras iniciativas, a redução do IVA de 23% para 6% (que passa a incluir projetos de Build to Rent, por exemplo) e ainda outra medida que vai dar descontos fiscais em sede de IRS ou IRC aos investidores que apostem em fundos imobiliários que tenham o objetivo de promover o arrendamento acessível.
O Idealista, acaba de lançar uma análise pormenorizada sobre o mercado de arrendamento em Portugal, com uma atenção especial às cidades de Lisboa e Porto. Esta análise explora as principais tendências dos últimos 5 anos e oferece uma visão detalhada do comportamento do mercado no último ano.
Destaques da Análise:
1. Tendências dos Últimos 5 Anos:
Aumento das Rendas: O arrendamento em Portugal atingiu o valor mais alto dos últimos cinco anos em junho de 2024, com um aumento acumulado de 41% desde 2019.
Desequilíbrio entre oferta e procura: A procura por casas para arrendar cresceu de forma acentuada, enquanto a oferta não acompanhou este crescimento, contribuindo para a subida dos preços.
Crescimento das rendas desde 2019: Entre junho de 2019 e junho de 2024, o custo mediano do arrendamento aumentou de 11,4 euros/m² para 16,2 euros/m².
Procura vs. Oferta: Entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2024, a procura por arrendamentos aumentou 165%, enquanto a oferta cresceu apenas 36%.
Situação em Lisboa e Porto:
Lisboa: A procura mais do que duplicou desde 2019, enquanto a oferta aumentou apenas 5%, resultando num aumento de 43% nas rendas, que chegaram a 21,5 euros/m².
Porto: A procura também mais do que duplicou, com a oferta a aumentar 74%, mas ainda assim insuficiente para acompanhar a procura, levando a um aumento de 61% nas rendas, que atingiram 17,2 euros/m².
2. Evolução do Mercado no Último Ano:
Procura: A procura caiu 36% devido à alta inflação e aos juros elevados.
Oferta: A oferta aumentou 81%, mas as rendas subiram 12%, para 16,2 euros/m².
Taxa de Esforço: A taxa de esforço das famílias aumentou de 71% para 81% do rendimento disponível.
Em Lisboa e Porto:
Lisboa: A procura caiu 48%, com um aumento de 8% nas rendas e uma taxa de esforço que subiu para 86%.
Porto: A procura diminuiu 36%, com as rendas a aumentarem 13% para 17,2 euros/m² e uma ligeira melhoria na taxa de esforço, que caiu para 71%.
Principais Tendências:
Menos procura e mais Oferta: Apesar do aumento na oferta, as rendas continuam a subir.
Aumento da Taxa de Esforço: A pressão sobre o orçamento das famílias aumentou, exceto no Porto, onde houve uma pequena melhoria.
Análise completa em: https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2024/07/11/64596-arrendar-casa-recorde-de-rendas-em-5-anos-apesar-da-subida-da-oferta