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Gabinete da Rainha D.Amelia cds: PSML Wilson Pereira
Gabinete da Rainha D.Amelia cds: PSML Wilson Pereira

Recuperado o Gabinete de D. Amélia no Palácio da Pena

A Parques de Sintra concluiu a recuperação do Gabinete da Rainha D. Amélia, no Palácio Nacional da Pena, no passado mês de dezembro.

A recuperação está finalizada após um profundo trabalho de estudo, restauro e reorganização com vista à reconstituição possível dos interiores de acordo com a vivência do Palácio, com enfoque para o período de D. Fernando II, de forma a obter um equilíbrio entre os objetos e o contexto arquitetónico.

O mobiliário e as peças decorativas expostas no local foram restaurados, assim como a pintura mural. O pavimento do espaço foi alvo de uma limpeza profunda, procedendo-se ainda à sua estabilização. Também as coberturas e os pavimentos foram reparados e foi renovada a instalação elétrica.

A reorganização do gabinete pretende ser uma síntese de três épocas determinantes para o Palácio Nacional da Pena: o período de habitação de D. Fernando II e da Condessa d’Edla, entre cerca de 1860 até 1890; o período de 1890 a 1910, que correspondeu à ocupação destes aposentos pela rainha D. Amélia; e por fim, o período da Primeira República, justificada pela pintura mural deste compartimento, datada de 1917.

A forma e dimensão do antigo Gabinete da Rainha D. Amélia resultam da adaptação do antigo convento manuelino de 1511, efetuada pelo rei D. Fernando II, a partir de 1839. O piso em questão apresentava 14 celas, conforme a planta publicada por José Teixeira em 1986. Aquando da transformação, a sala foi remodelada e dividida em tramos de abóbadas fingidas com nervuras, simulando uma construção em pedra, mas sendo efetivamente construída em estrutura de madeira rebocada.

A conceção da organização do interior do Gabinete da Rainha D. Amélia apresentou alguns desafios, relacionados com a necessidade de conjugação dos três períodos diferentes e com a ausência de algumas peças.

Por um lado, desconhece-se o paradeiro do mobiliário original que foi retirado após a morte de D. Fernando II. Por outro lado, o mobiliário do tempo da monarquia não se conjugava com a pintura mural, criada apenas em 1917. Assim, foi desenvolvido um projeto de interiores que conjuga opções de reintrodução de objetos históricos no compartimento, assim como de outros em substituição dos originais, ausentes.

Da reorganização do gabinete, destaca-se a recuperação da secretária com alçado da rainha, assim como as estantes de pau-santo e um contador hispano-árabe do século XIX que foi transferido para o Palácio Nacional de Sintra em 1939, e que regressa agora ao local original. O estirador da rainha, que não se encontrava neste local, mas que demonstra a atividade artística de D. Amélia, completa o conjunto.

A Condessa d’Edla é também personagem fundamental na história deste espaço e surge representada por diversos elementos que foram mantidos no gabinete pela rainha D. Amélia: uma mesa de torneados abertos e duas colunas torsas e a sua coleção de porcelana de Meissen.

Um dos dois armários entalhados que a Condessa d’Edla tinha nesta sala, recentemente adquirido, encontra-se agora em exposição, embora mais tarde, no tempo da rainha D. Amélia, não pertencesse a este espaço.

A representação do período da República está aqui, sobretudo, patente na pintura mural de Eugénio Cotrim, de 1917. Sabe-se que o presidente Sidónio Pais investiu no Palácio Nacional da Pena, que utilizou para promoção turística do país e com fins sociais, festejando ali o Dia da Criança.

A referida pintura mural foi alvo de uma intervenção de recuperação para a estabilização das superfícies, limpeza profunda dos resíduos de cola – utilizados numa outra intervenção de recobrimento das paredes com tecido -, preenchimento de fissuras e lacunas e ainda a reposição do esquema decorativo, ausente numa área significativa do teto.

Os trabalhos em causa não implicaram, em nenhum momento, a interrupção dos percursos de visita, de acordo com a política habitual de “Aberto para Obras” da Parques de Sintra, em que é permitido aos visitantes acompanharem o progresso das intervenções.

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