As empresas portuguesas planeiam o regresso ao trabalho presencial nos escritórios até ao final do ano, para os colaboradores que o desejem. Segundo um estudo da Willis Towers Watson, o setor empresarial português não obriga à vacinação no regresso ao trabalho presencial, mas encoraja os colaboradores a vacinarem-se.
Num momento em que se sabe que a recomendação do teletrabalho vai deixar de vigorar, 70% dos empregadores portugueses planeiam permitir um regresso ao trabalho presencial para a maioria dos colaboradores que o desejem, até ao final de 2021, como revela o estudo Tendências em Benefícios 2021 da Willis Towers Watson, empresa global de consultoria, corretagem e soluções, que apoia clientes em todo o mundo.
De acordo com o estudo, apenas 19% dos empregadores portugueses não têm a certeza sobre quando é que autorizarão o regresso ao trabalho presencial a todos os colaboradores que o pretendam; enquanto 7% aponta para que tal aconteça no primeiro trimestre de 2022.
Questionados sobre o fim dos protocolos de segurança nos locais de trabalho, 42% dos inquiridos manifestam-se incertos sobre quando é que as medidas vão terminar e 23% acreditam que acontecerá até ao final deste ano.
Maioria das empresas não impõe vacinação
Sete em cada dez (72%) dos empregadores questionados indicam que não vão impor a vacinação no regresso ao trabalho presencial, com apenas 2% a defender que deveria ser obrigatório e 12% a referir que está a considerar a hipótese.
Segundo o estudo Tendências em Benefícios 2021, as empresas portuguesas estão mais interessadas em encorajar os seus recursos humanos a vacinarem-se, em vez de insistirem na vacinação: uma em cada cinco (20%) realizou campanhas de comunicação para encorajar os funcionários a serem vacinados, enquanto 30% estão a planear ou a considerar este tipo de campanhas.
Alguns empregadores portugueses vão mesmo mais longe, com um em cada oito (12%) dos inquiridos a incentivar os colaboradores a serem vacinados, com dinheiro ou tempo extra de férias, e outros 10% a considerar fazê-lo. Contudo, a maioria (58%) não pondera a possibilidade de oferecer quaisquer incentivos.
Para Alexandre Falcão, Associate Director de Health and Benefits, da Willis Towers Watson: “as vacinas são uma grande parte da transição gradual para um ‘novo normal’, após a convulsão de uma pandemia mundial. Os empregadores veem-se no papel de comunicadores e educadores sobre a vacinação, em vez de estabelecerem regras rígidas. Deveriam estar a ouvir atentamente os seus colaboradores durante este período, ainda inquietante e incerto para muitos.”
Regime de trabalho híbrido é o futuro
O estudo Tendências em Benefícios 2021 abordou, também, o futuro dos regimes de trabalho nas empresas portuguesas e, dentro de dois anos, apenas 45% dos colaboradores deverão trabalhar no escritório durante pelo menos 80% do seu tempo, em comparação com os 33% registados atualmente e os 86% há dois anos (pré-pandemia).
Segundo os inquiridos, dentro de dois anos 35% dos colaboradores deverão estar num regime híbrido entre trabalho presencial e remoto, enquanto 20% trabalharão a partir de casa pelo menos 80% do tempo. Há dois anos, apenas 8% dos colaboradores trabalhavam em regime híbrido e 5% à distância.
“Um regime de trabalho híbrido, que mistura o trabalho remoto e o presencial, vai ser uma grande parte do futuro. Dentro de dois anos, um em cada três trabalhadores poderá estar num modelo híbrido. O mercado tem sofrido grandes mudanças durante esta pandemia por COVID e as pessoas vão precisar de apoio neste caminho. Há muitos benefícios no trabalho híbrido, pois as pessoas podem misturar o melhor do trabalho em casa e no escritório, mas os empregadores precisam de se concentrar e acertar os pormenores deste novo modelo”, considera Alexandre Falcão.
O estudo da Willis Towers Watson questionou executivos seniores de 70 empresas portuguesas entre maio e junho de 2021.