Há quem confunda firmeza e estratégia com fanatismo, seita com governo legítimo e irresponsabilidade com coragem. Pior ainda é confundir as suas próprias insuficiências e malvadez com um país. Misturar tudo isto e proclamar, qual déspota que se julga inquestionável, que o país soçobrará com ele, se as suas crenças dogmáticas e irrealistas o derrubarem. E ainda por cima lançar as culpas para cima daqueles que esmaga com uma austeridade inimaginável. Se eu falhar, é o país todo que falha, é uma declaração doentia e de uma gravidade sem limite.
Depois de toda a efervescência eleitoral e de assentada a poeira levantada pela dissecação dos resultados, já se sabia que o país iria voltar à realidade putrefacta e ameaçadora encenada por Passos Coelho e seus apaniguados. Era uma certeza que ele teria de se vingar do claro voto contra o seu PSD, na pessoa dos portugueses mais vulneráveis, os pobres mesmo pobres e a classe média, que ele abomina por ambicionarem viver desafogadamente. Os outros que sobram são aqueles que sempre souberam encontrar o lado certo da trincheira, mas o lado mau da sua consciência, que têm mas não usam porque é uma coisa mesquinha e piegas.
Tudo já estava traçado na cabeça daquele que crê ser o detentor único da solução para acabar com o sonho que os portugueses alimentaram de serem também felizes e contribuírem para uma sociedade mais justa e igualitária. Ele terá tido uma visão que o impulsionou para esta cruzada de empobrecimento do país. Havia uma ideia, mais ou menos partilhada por muitos portugueses, de que Passos Coelho era uma pessoa boa e justa. A prova do contrário está à vista. Lamento dizê-lo, assim abertamente, mas Pedro Passos Coelho é uma pessoa de mau carácter, revanchista, cruel e frio, que esconde por detrás de um aspecto correcto e amigável, o pior de uma ambição sem limites, associada a uma atroz capacidade de subserviência, perante aqueles que lhe apontam o caminho e o catequizam com a ladainha de que Portugal tem de se tornar um país menos gastador, o que ele interpreta, como mais pobre e humilde.
Um país à imagem dos anos 50 e 60 do século passado, época na qual o ditador de então sabia também como manter o povo calado e quieto, humilde e subserviente, sem educação em excesso, para não pensar demasiado. Passos Coelho pretende e sonha com esse país, agora transplantado para o século XXI, um país onde apenas os ricos têm o direito de ser ricos e os pobres a obrigação de viverem à medida da sua miséria e fornecerem da mão-de-obra necessária à continuidade da Nação. Uma Nação que se sinta orgulhosa de ser poupadinha e sem desvarios de sonhar acima das suas possibilidades. E isto, porque é muito incómodo coexistir com uma classe média que pode sentir ânsias de também querer vencer e alcançar capacidades intelectuais para pensar além do estritamente necessário. Quanto aos pobres, deixá-los estar, porque esses estão já vazios de força anímica para saírem da sua condição que o destino lhes traçou.
Os responsáveis por esta lamentável situação, liderados pela figura oca e falsa do Primeiro-ministro, são verdadeiramente fanáticos, dominados por crenças que lhes escurecem o pensamento e funcionam como uma seita, com todas as características de seguidismo cego e surdo duma fé que nunca questionam… Nós somos os reféns dessa prática e só com muita convicção, revolta e insubmissão ao destino, nos poderemos libertar deste louco, visionário e carrasco do povo português… Custa-me tratar assim alguém, depois de ter assistido à reconquista da liberdade e aos esforços para fazer de Portugal um país digno e apto a saber usar a cultura, o progresso e a fraternidade, para a construção de uma nova sociedade, mas infelizmente a realidade é mais forte do que a tristeza que me causa, saber que existe gente que se sente realizada com o empobrecimento dos seus concidadãos. Que os trata como irresponsáveis e não merecedores de qualquer benesse da vida. É assim que ordenam os credores, os quais devemos temer e respeitar irracionalmente.
Para o ano, se a razão não se sobrepuser à aleivosia deste governo, os portugueses estarão cada vez mais pobres, os funcionários públicos com salários reduzidos, os pensionista a debaterem-se com um corte nas suas pensões de reforma, deixando-os mais vulneráveis e deportados para uma velhice de miséria, aqueles que recebem pensões de sobrevivência ou viuvez, a verem as suas capacidades de resistência ao custo de vida cada vez mais difícil e o sector privado, por arrastamento, a afundar-se numa economia onde não há retorno por parte dos consumidores sem margem de manobra para fazerem ressuscitar o comércio. O desemprego continuará a crescer e as empresas a definhar, sem energia para atingirem a vitalidade exigível a uma recuperação da economia. E os resgaste ou outra qualquer forma de financiamento agiota, continuarão a ser necessários, numa base de dependência total de quem nos quer manter a ferro e fogo, até nos transformarmos num país de mão-de-obra baratíssima, para enriquecer os mesmo de sempre.
Portugal, que já não tem soberania, ficará à mercê de todas as troikas ao cimo da terra, de todas as imposições da União Europeia e de todas as Merkel e seus descendentes até à quinta geração…
É este o futuro à vista! Não me sinto com energia para escrever mais sobre o mesmo de sempre… Estou farto!… Estamos todos fartos…
Por: Ernani Balsa
“escreve sem o acordo ortográfico”