BRASIL 3 – PORTUGAL 1
Não foi um pesadelo, mas teve fases negras e perturbadoras. Portugal desaproveitou uma vantagem precoce no marcador e passou por períodos duríssimos, diante de um Brasil convincente e poderoso, praticamente do princípio ao fim.
Sem Cristiano Ronaldo do lado luso, Neymar usurpou o trono e foi o soberano da noite. Além de ter feito um golo maravilhoso, numa arrancada imparável após perda de bola de Nani, transtornou a defesa portuguesa com dribles, provocações, piques e travagens bruscas. Imparável.
O jogo teve muito Neymar, sim, e esse dado foi determinante. Mas acabar aí a análise seria redutor e injusto para uma «canarinha» superior em todos os itens do jogo. Mais consistente, mais confiante com a bola, mais adulta, um verdadeiro candidato ao ceptro mundial.
FICHA DE JOGO E AO MINUTO
Do Brasil está quase tudo dito, por isso vale a pena centrar o discurso em Portugal. A vantagem caída do céu, ou da cabeça desnorteada de Maicon em bom rigor, encaixava perfeitamente no plano com que Paulo Bento atacara o duelo.
O golo de Raul Meireles sugeria o recuo das linhas, o bloqueio do espaço ao Brasil e depois a saída em transições rápidas, ótimas para elementos como Nani e Vieirinha. Em teoria isto tinha tudo dar certo, mas tudo caiu por terra com a fragilidade uma vez mais evidenciada na defesa de bolas paradas.
A marcação lusa à zona está longe de ser infalível e a imagem de Thiago Silva a cabecear um metro acima de Miguel Veloso é confrangedora. E ridícula, já agora. Portugal tem de melhorar muito, muito, neste tipo de lances.
O Brasil empatava nesse erro coletivo e passaria para a frente no pior período dos portugueses. Sem capacidade para construir, nem para ter um futebol apoiado, Portugal não teve bola e entrou em pânico.
O terceiro golo brasileiro, simples tão simples, praticamente enterrava a dúvida sobre a partida, logo no início do segundo tempo. A partir daí o jogo foi mais despressurizado, menos rigoroso e talvez por isso Paulo Bento tenha arriscado uma nuance tática para os últimos 20 minutos.
Saiu João Pereira, entrou Postiga e Nélson Oliveira soltou-se. Foi a melhor fase do avançado do Rennes no jogo. O mal estava feito há muito e ode ser resumido em duas ideias: deficiência nos lances de bola parada e escassez nos níveis de agressividade.
Nada de alarmante, é verdade, mas a justificar reflexão. E consequências. Revemo-nos no Mundial 2014?
(in Reuters)