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SUBSERVIÊNCIA OU IMPUNIDADE?

Parece que näo… 

P.Guedes de Carvalho

P.Guedes de Carvalho

Recentemente dou-me conta de duas reações humanas que me inquietam bastante. Uma, a que mais me inquieta, consiste na atitude do “deixa andar”; a outra, que ainda me incomoda muito e me faz sentir impotente social e politicamente, consiste em “vou denunciar sempre”. Entre as duas incomoda-me mais a primeira porque geracionalmente fui treinado para me importar com as injustiças de tratamento desigual das pessoas ou dos factos. Fui treinado para me insurgir contra a locupletação, o aproveitamento de informação e conhecimentos, contra a podridão e abuso de poder, o servir-se de amizades para trepar socialmente e depois esquecer tudo e todos, contra a mediocridade e a falta de reconhecimento. A segunda porque, reconheço, é preciso muita coragem, desapego e verticalidade para não deixar de me indignar sempre e quando as situações o exijam, mesmo que se esteja convencido que adianta pouco ou mesmo nada e, nestes casos, sou levado a considerar que denunciar sempre não adianta porque pouca gente me ouvirá ou porque o efeito desejado será sempre muito inferior aos possíveis benefícios almejados.

A sociedade actual criou os mecanismos de defesa que atingiriam os corruptos. Segundo o Eng.º Paulo Morais, eles serão 200-300 indivíduos que ele designa de mafiosos e controlam o panorama português. De políticos de formação jota, a empreiteiros, imobiliárias, autarcas e servidores de Estado a sua maioria e umas quantas famílias que mexem os cordelitos para que o circuito se complete em função das “boas” acções praticadas.

O desporto não foge à regra e serão conhecidas ligações entre esses mesmos agentes (imobiliárias e autarcas) e os clubes de futebol. As regras são as mesmas: dinheiro-favor-dinheiro-lugar remunerado, etc. São conhecidos os imensos casos de corrupção activa e passiva em torno do futebol, das arbitragens, das promoções/despromoções de árbitros e clubes que lhe dão acesso a rendimentos e prestigio mais sonoros. A mercantilização do desporto nos nossos dias fez com que os Governos não consigam ver nas suas estruturas excelentes mecanismos de manipulação, poder e financiamento. Sem duvida que podem os atletas ter superado recordes exclusivamente à sua conta e trabalho que logo aparecem os arautos da estrutura que os apoiou a receber os louros e a ir esperá-los ao aeroporto ou recebe-los nas varandas do edifício em gala a preceito.

O COP, iniciais de Comité Olímpico de Portugal, deveria ser diferente não é?
Deveria premiar os melhores, o esforço e a abnegação daqueles que, mesmo sem grandes financiamentos vão fazendo muito para representar o país no panorama internacional. Deveria premiar os efectivamente merecedores com os prémios de presença nas iniciativas internacionais. Eu gostava de ver os melhores e mais capazes a representarem o meu país. Mas não procedeu assim e quanto a mim não procedeu nada bem.

Muitos de vós devem ter visto como eu, um video nas redes sociais com uma sequência de uma manifestação de repudio de compatriotas nossos residentes no Brasil, aquando da homenagem que iam fazer ao ilustre Miguel Relvas, enquanto Alto Comissário da Casa Olímpica Portuguesa. O que nos vale é que convidaram também o actor Ricardo Araújo (pena não ser o R. A. Pereira para nos fazer rir).

Esteve mal, muito mal o COP ao designar tal personalidade como nosso representante da língua nos Jogos de 2016. Um representante que, toda a gente sabe, violou os mais rudimentares princípios globais de transparência e fair play olímpicos. O senhor foi apelidado de “ladrão” e “aldrabão” com base no verdadeiro CV dele. Senti-me incomodado por estar assim a minha representação nacional. Senti que eventualmente ele foi indicado como pagamento de favores que terá concedido anteriormente; afinal, foi o ele o responsável governamental pelo desporto nacional e foi ele que gizou todos os negócios que vamos ver florir nas instalações do Parque nacional do JAMOR.

E volto a dizer. Estou preocupado pois por muito que me indigne e me insurja, por muitas provas que existem sobre as arbitragens e os negócios do desporto com a política, estou a sentir que nunca seremos ouvidos e que a sociedade criou mesmo uma capa de defesa de acordo com o ditado popular “os cães ladram e a caravana passa”.

O COP parece ter sucumbido à pressão dos tais 200-300 mafiosos de que falava o Eng.º Paulo Morais. E nós portugueses merecíamos mais.

Por: Pedro Guedes de Carvalho
“escreve sem o acordo ortográfico”

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