Dia Mundial da Prevenção do Suicídio assinalou-se no passado sábado, 10 de setembro. Todos os anos mais de 800 mil pessoas, põem termo à vida e um número muito superior faz tentativas de suicídio.
O suicídio é uma tragédia que afeta a família e a comunidade, com efeitos a longo prazo em quem vive de perto com esta realidade. O suicídio surge em qualquer faixa etária sendo a segunda causa de morte entre 15 e os 29 anos, apenas ultrapassada pelos acidentes rodoviários.
De acordo com Ana Peixinho, coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa: “Muitos suicídios decorrem de situações de impulsividade em momentos de crise com dificuldade em lidar com fatores stressantes externos, como dificuldades financeiras, roturas conjugais, dor e doença crónicas. Por outro lado, situações de conflito, catástrofes, violência, abuso ou luto e o próprio isolamento social estão fortemente associados a comportamentos suicidários”.
Estima-se que cerca de 30 por cento dos suicídios ocorrem por autoenvenenamento com pesticidas, a maioria dos quais em zonas rurais de países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Outros métodos frequentes são o enforcamento e a utilização de armas de fogo.
“É importante reconhecer os métodos mais utilizados para se poder definir estratégias de prevenção eficazes ao seu acesso. O suicídio é um importante problema de Saúde Pública que pode ser prevenido com intervenções multidisciplinares adequadas baseadas na evidência e, habitualmente, pouco dispendiosas. As medidas para a sua prevenção requerem coordenação e colaboração entre vários sectores sociais incluindo saúde, educação, agricultura, finanças, justiça e defesa”, revela a médica.
Ana Peixinho enumera os principais sinais de alarme: “falar ou escrever frequentemente sobre morte ou suicídio, fazer comentários de desesperança e culpabilidade, utilização de expressões que evidenciam falta de motivação para viver, aumento do consumo de álcool ou drogas, isolamento social, comportamentos imprudentes ou de risco, alterações bruscas de humor e falar em sentir-se aprisionado ou em ser um peso para os outros.”
Quanto às características que diminuem a probabilidade de um individuo considerar, tentar ou consumar o suicídio, a psiquiatra explica que é necessário que haja “um acompanhamento em Saúde Mental, fácil acesso a diferentes intervenções clínicas, relações estruturadas de amizade, familiares e comunitárias, capacidade de resolução de problemas e conflitos e fácil acesso aos cuidadores”.
Sabe-se que 75 por cento dos suicídios ocorrem em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Em Portugal, a taxa de mortalidade por suicídio, em 2014, foi de 11,7 por 100 mil habitantes, enquanto em 2012 e 2013 foi de 10,1, por 100 mil habitantes. Dados revelam ainda que os homens apresentam uma taxa de suicídio três vezes superior.
Lusíadas/CS