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Um país sem rumo…

De cada vez que abro uma página branca à minha frente interrogo-me que ideias irei eu expor ou que dúvidas irei levantar e de cada vez concluo o exagero de palavras que tenho gasto para denunciar o que me choca ou incomoda. Que desperdício de palavras, ideias e desespero. Que falta de respeito pelos silêncios que preferiria usar… Será que vale a pena toda esta minha inquietação e desconforto? Esta minha raiva? Esta revolta?… Sou eu que não encontro o rumo certo ou é o meu próprio país que está sem rumo?

Sou levado a concluir que são ambas as coisas que me afligem e me confundem, só que o país é sem dúvida muito mais importante do que eu próprio. O meu rumo pode ser reconstruído cada manhã em que acordo para a vida, mas o rumo do país afecta todos e depende de muitos esforços e vontades, de muito saber e determinação, mas também de um elevado bom senso de quem quis assumir os destinos de Portugal. Continuar sem rumo é não respeitar a própria condição de se ter sido eleito para levar o país a bom porto. É defraudar, com dolo e sem vergonha, a confiança que uma maioria depositou nas promessas que foram feitas e no programa que foi amplamente apresentado.

Este governo, que é dele objectivamente que falo, não encontra rumo para o país, mas muito pior do que isso, parece não o querer encontrar, pelo menos dentro das premissas que é justo considerar. Esta falta de rumo significa que não se quer atingir os desígnios de que Portugal necessita, mas antes seguir um projecto alheio à nossa soberania e identidade. Não encontrar um rumo, significa neste caso que sempre se teve outra intenção e essa intenção é traiçoeira, criminosa e antipatriota.

A lamentável encenação recursiva contra o Tribunal Constitucional é das coisas mais abjectas, infantis e intoleráveis a que temos assistido. Esta recorrente sede de ódio vingativo, por cada decisão de anti constitucionalidade proferida pelo Tribunal Constitucional, de qualquer modo já esperada e quase que provocada intencionalmente, é uma manobra que visa um confronto declarado e acaba por ter como bode expiatório, os mesmo visados de sempre, ou os cidadãos em geral, com ameaças de mais impostos ou os funcionários públicos, reformados e pensionistas, que são assim como um objecto de catarse mal conseguida, na qual se despejam ódios, raivas, inépcias e vinganças, na forma de mais cortes e mais desprezo.

Mas a vergonha é tão pouca, o descalabro de honestidade intelectual, tão grande, que se chega ao cúmulo de reclamar que os juízes que foram, pelos partidos do governo, escolhidos para integrar o colectivo do Tribunal, não estão a respeitar o pressuposto de que a sua indigitação implicaria obedecerem ás vontades e desmandos anticonstitucionais do governo. É preciso realmente falta de vergonha e a assumpção de uma total impunidade, para se aceitar que se possam fazer públicas declarações como esta, sem qualquer receio de se ultrapassarem todos os limites da decência e da honestidade cívica.

Vivemos num país sem rumo, mas com governantes sem vergonha. Vivemos à deriva, mas com governantes que têm uma agenda própria, que nada tem a ver com o rumo de que o país precisa. Caminhamos a passos largos para o descalabro social, político e económico, mas os nossos governantes não vão cá estar para ver o caos, se chegarmos a ele. Procuramos um rumo, que os nossos governantes nos roubam todos os dias, quando acordamos de cada noite tenebrosa da crise que continuamos a atravessar. Os mandatários da crise já abandonaram o barco, mas deixaram cá os seus executores. Quando é que decidimos, de uma vez por todas, tomar conta do nosso próprio rumo e expurgarmos o país de traidores e políticos de mau porte?…

Ernani Balsa
“escreve sem acordo ortográfico”

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