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Vigília pelo Serviço Nacional de Saúde em Setúbal

Vigília pelo Serviço Nacional de Saúde em Setúbal

A luta por melhores condições de acesso aos cuidados de saúde pelas populações dos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra juntou ontem centenas de pessoas numa vigília realizada à porta do Hospital de São Bernardo.

A exigência de um hospital e centros de saúde a funcionar a 100 por centro na região são objetivos da ação, convocada pelo Fórum Intermunicipal de Saúde, que contou com intervenções dos presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra, do bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, de médicos, enfermeiros e representantes de ordens profissionais e sindicais, bem como atuações musicais de A Garota Não e Sérgio Miendes, Rui David, Tio Rex e Celina da Piedade.

“Ficamos perplexos quando os responsáveis pela gestão do país dizem que não é por questões financeiras que o Serviço Nacional de Saúde não está a funcionar. Então o que é que está a acontecer para que não haja investimento no Serviço Nacional de Saúde para que dê a a resposta devida às populações? É falta de vontade política e isso não podemos aceitar”, disse o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins.

O autarca sadino recordou a reunião realizada no Ministério da Saúde há cerca de um ano, após insistência dos presidentes das câmaras de Setúbal, Palmela e Sesimbra, na qual o ministro disse que iria proceder a “encerramentos programados nas urgências do Hospital de São Bernardo, durante três meses, com o objetivo de ultrapassar as dificuldades das condições da prestação de cuidados de saúde e controlar um pouco a situação”.

Passado cerca de um ano, constatou-se que “o hospital tem vindo a degradar-se progressivamente”, razão pela qual os presidentes dos três municípios, no âmbito do Fórum Intermunicipal de Saúde, decidiram convocar a vigília realizada ontem à noite, entre as 19h00 e as 24h00.

“Este é um grito de alerta para reivindicar que o Governo assuma as suas responsabilidades. A saúde é um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa e o Governo tem de cumprir. Nós vamos continuar na luta por um serviço Nacional de Saúde que responda às necessidades das populações”, garantiu André Martins.

A ação de protesto contou, igualmente, com a presença do bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, que apelou a um entendimento entre o Governo e os profissionais de saúde para que estes “se sintam bem e tenham a devida valorização”.

Com a certeza de que “a saúde não se pode esperar para resolver”, D. Américo Aguiar destacou a importância da vigília para que “os responsáveis políticos oiçam os gritos da população pelo direito à saúde”.

O responsável pela Diocese de Setúbal garantiu, igualmente, que estará “sempre com a população em todos os momentos em que seja preciso levar mais longe os gritos dos homens e das mulheres da Península de Setúbal”.

Já o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, relatou que os três autarcas recebem diariamente, “ao minuto”, as mensagens do CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes que permitem constatar que “a situação está insustentável”, pois “os bombeiros têm sempre grandes dificuldades em saber qual o hospital que está aberto para encaminharem os utentes”.

A situação nas unidades de cuidados de saúde primários “não é melhor” e lamenta que o Governo não cumpra as suas responsabilidades, ao contrário das autarquias que “continuam a substituir-se ao Estado na construção de centros de saúde” que depois não têm profissionais para funcionar adequadamente.

“Queremos fazer parte da solução, mas não nos deixem sem médicos nas novas unidades de saúde. A Península de Setúbal não pode continuar a ser discriminada negativamente. Uma região que cresce em população e em desenvolvimento económico precisa de ter cuidados de saúde à altura.”

O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus, reafirmou a preocupação com as medidas anunciadas inicialmente pelo Governo como transitórias para proceder a encerramentos programados e temporários nos serviços de urgência do Hospital de São Bernardo.

“O que verificamos é que mesmo nos períodos em que deviam estar abertas, as Urgências de Obstetrícia, de Pediatria e Geral não têm condições para receber mais doentes.”

O autarca vincou que a responsabilidade não é dos profissionais de saúde, que se encontram “em exaustão”, pois “se não fossem eles a garantir o que o Serviço Nacional de Saúde não nos está a dar a situação estaria bem pior do que está hoje”.

O autarca lembrou ainda que a vigília realizada ontem à porta do Hospital de São Bernardo também tem como objetivo “a luta por melhores condições na progressão na carreira dos profissionais de saúde”.

A iniciativa intermunicipal contou com atuações de músicos que se associaram à luta por um Serviço Nacional de Saúde de qualidade, como foi o caso de A Garota Não que, acompanhada de Sérgio Miendes e de Rui David, reafirmou a justeza da luta por cuidados de saúde dignos para todos.

“Queremos que os serviços de saúde estejam sempre em funcionamento e que não tenham de fechar por falta de recursos humanos ou por causa da exaustão das pessoas. Queremos cuidados de saúde com qualidade”, disse Cátia Oliveira, a voz do projeto A Garota Não.

A vigília realizada à porta do Hospital de São Bernardo, que disponibilizou sopa caramela aos participantes, incluiu ainda atuações de Toy, num vídeo preparado para a ocasião, Tio Rex e Celina da Piedade.

A iniciativa em defesa de um Serviço Nacional de Saúde de qualidade foi impulsionada pelos presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra, através do Fórum Intermunicipal de Saúde, para exigir à administração central a resolução dos problemas que afetam as condições atuais de acesso aos cuidados de saúde.

O Fórum Intermunicipal da Saúde, criado há dois anos pelos três municípios, é um movimento destinado a debater as questões na esfera da saúde e exigir respostas para problemas que afetam este setor, com destaque para o Centro Hospitalar de Setúbal.

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