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Viver com ileostomia uma ostomia de eliminação intestinal
Liliana Grilo Miranda Enfermeira especialista em Estomaterapia

Viver com ileostomia uma ostomia de eliminação intestinal

No universo das ostomias intestinais e, pelas suas particularidades específicas, merecem algum destaque, o que se traduz numa maior vigilância e cuidado especial, refiro-me às ileostomias.

A ileostomia é uma ostomia de eliminação intestinal situada numa porção do intestino delgado, mais precisamente no íleon, localizando-se o estoma, normalmente, no quadrante inferior direito do abdómen.

Este tipo de ostomia intestinal exige de nós, profissionais e pessoa ostomizada, um maior cuidado pela sua localização e caraterísticas do conteúdo eliminado.

Como é do conhecimento geral, é no intestino que são absorvidos a água e os nutrientes ingeridos. Quando, por qualquer motivo, a pessoa é intervencionada cirurgicamente, da qual resulta uma ileostomia, todos os alimentos e líquidos ingeridos são expelidos precocemente pela abertura presente no íleon (ileostomia) comprometendo a principal função de absorção do intestino. Esta disfunção pode causar desequilíbrios hidro-electrolíticos, podendo provocar graves carências no organismo.

Além disso, o conteúdo presente neste segmento do intestino contém uma grande concentração de enzimas biliares, proporcionando ao efluente um pH alcalino que, associado à consistência, tipicamente líquida ou semilíquida, e ao excessivo volume eliminado diariamente (por vezes superior a 2000 ml), poderá causar grandes transtornos à vida da pessoa portadora deste tipo de ostomia intestinal, comprometendo consideravelmente a sua qualidade de vida.

Considerando todas estas particularidades, é muito importante que as pessoas portadoras de ileostomia pratiquem uma alimentação cuidada e equilibrada, quer ao nível da ingestão de líquidos quer dos alimentos. Contrariamente ao que as pessoas possam pensar, o facto de estarem a eliminar muito conteúdo pela ileostomia, não significa que devam suspender a ingestão de alimentos e líquidos, isso contribuirá para maiores desiquilibrios, agravando o quadro de desidratação e desnutrição.

É indiscutível que, na presença de uma ileostomia são importantes alguns cuidados alimentares para aumentar o tempo de absorção e não haver tantas perdas, ou seja, para reduzir as quantidades eliminadas pela ileostomia.

Felizmente, grande parte das ileostomias são construídas com caráter temporário, para resolver a fase aguda de determinadas doenças (ex.: doenças inflamatórias intestinais), para proteção de anastomoses intestinais baixas, para derivação do fluxo fecal enquanto decorre a cicatrização, ou consequentemente a situações de urgência, sendo o trânsito intestinal restabelecido num curto período de tempo, que poderá ir de 1-2 semanas a 3-6 meses. Contudo, há ileostomias que permanecem mais tempo, por vários motivos (ex: longos períodos de tratamentos com quimioterapia), atrasando a cirurgia de reconstrução.

Independentemente do tempo de permanência da ileostomia, os seus portadores deverão aprender a viver com ela com naturalidade e com todos os cuidados que a mesma exige.

Para tal, é fundamental, que as pessoas com ileostomia sejam devidamente acompanhadas por profissionais especializados que previnam todas as complicações que possam surgir e condicionar o seu bem-estar e a sua saúde, mas também, no tratamento precoce, pontual e eficaz quando na presença de alguma situação menos agradável.

Liliana Grilo Miranda
Enfermeira especializada em Estomaterapia no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto, EPE

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