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Regimento de Apoio Militar de Emergência, Porquê?

O Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), anunciou no passado dia 17 de abril, a criação e instalação de uma nova unidade militar em Abrantes, trata-se de uma estrutura vocacionada para apoio militar de emergência à protecção civil e a situações de catástrofe.

Em declarações aos jornalistas no Quartel de S. Lourenço, em Abrantes, à margem das cerimónias comemorativas do Dia da Arma de Cavalaria e do 123º Aniversário da Escola Prática de Cavalaria (EPC), o General Artur Pina Monteiro disse que a unidade que ali vai ser criada será uma “unidade pivô, mais especializada em termos de capacidade instalada, e capaz de dar resposta oportuna ao exército e às populações”, em situação de emergência.

De imediato nos meios militares, surge a sigla R.A.M.E. (Regimento de Apoio Militar de Emergência), contudo toda a estrutura e organização da nova unidade parece ser “TOP SECRET”, quiçá evitar de qualquer forma, o levantar de muita poeira sobre o assunto e que o mesmo passe despercebido até a cerimónia de sua criação.

Será que já não vimos no passado uma situação idêntica a quando da criação do GIPS da GNR?

É claro, que mais uma vez o poder político vai dar uma “machadada” nos bombeiros voluntários e também nos euros dos contribuintes.

Nos meios militares, nomeadamente no Exercito, fala-se de uma unidade idêntica há U.M.E. (Unidade Militar de Emergência) de Espanha. Fará sentido a criação desta unidade militar?

Vamos comparar alguns números:

Espanha – 504 030 km² e 47 265 321 habitantes
Portugal – 92 903 km² e 10 487 2894 habitantes

Dados dos censos de 2012

Para esta análise não iremos considerar os dados económicos,  só iremos contabilizar os meios humanos.

Em Portugal para todos os efeitos já temos uma unidade militar de emergência com cerca de 750 efectivos, falo claro do GIPS da GNR. Num cálculo muito rápido, podemos dizer que tanto em território como habitantes, teremos cerca de 1/5 dos valores dos “nuestros hermanos”.

Se a unidade espanhola tem 3.500 operacionais, nós em termos directos deveríamos ter um efectivo de 700 operacionais, portanto, podemos concluir que os meios humanos do GIPS, são suficientes para a uma resposta militar em termos de emergência/protecção civil.

Se considerarmos ainda os 250 bombeiros na F.E.B. (Força Especial de Bombeiros), mais uma razão para questionar a criação do novo Regimento.

Mais uma vez, e apesar da nossa realidade económica, iremos esbanjar recursos como já fizemos com a contratação de meios aéreos para combate a incêndios. Certamente, que muitos interesses já estarão alinhados na linha de partida, para os concursos de fornecimento de equipamentos para o novo regimento.

Não pretendo aqui, expressar qualquer opinião ou mesmo defesa dos Bombeiros Voluntários, do GIPS ou de qualquer outra organização integrante do nosso sistema de Protecção Civil, mas como cidadão português, contribuinte e profissional de emergência e segurança, não entendo de maneira nenhuma, este processo que a cada dia que passa, mais interrogações tenho:

. Pretende-se uma unidade militar do Exercito para justificar uma menor redução do seu efectivo?
. Será o objectivo, um esvaziamento de missões ou mesmo extinção do GIPS?
. Reduzir a importância dos Bombeiros Voluntários e assim justificar uma redução de verbas destinadas aos mesmos?

Armando Pereira
Especialista em Resgate Mineiro e Gestão e Direcção de Segurança

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O Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), anunciou no passado dia 17 de abril, a criação e instalação de uma nova unidade militar em Abrantes, trata-se de uma estrutura vocacionada para apoio militar de emergência à protecção civil e a situações de catástrofe. Em declarações aos jornalistas no Quartel de S. Lourenço, em Abrantes, à margem das cerimónias comemorativas do Dia da Arma de Cavalaria e do 123º Aniversário da Escola Prática de Cavalaria (EPC), o General Artur Pina Monteiro disse que a unidade que ali vai ser criada será uma "unidade pivô, mais especializada em termos de capacidade instalada,…

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One comment

  1. Helder Manuel Manso dos Reis

    Carissímo Armando Pereira, não desfazendo das suas capacidades intelectuais, que respeito veemente, gostaria que considerasse o seguinte, a mentalidade do cidadão da República Portuguesa que muito diferente é, do cidadão espanhol, entre os numeros que colocou, deveria ter colocado os numeros de área ardida nos últimos 40 anos e sobretudo desde a extinção da profissão Guarda Florestal, eis a importancia, e objectivamente o que há a combater, incendiários e a redução do monitoramento da área verde em Portugal e o desinvestimento na investigação criminal nesta área.

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