O Covid19 tem a capacidade de nos colocar a pensar fora da caixa. O nosso mundo, como o conhecĂamos, foi-se! NĂŁo vale a pena pensar que vamos voltar a ter comportamentos tĂŁo comuns como um simples aperto de mĂŁo, nĂŁo vamos!
A partir de agora, quando nos apresentarem uma pessoa, um aceno de cabeça ou uma vénia tipo japonesa serå o suficiente para mostrar-mos o nosso respeito e afeto pelo novo conhecido. Mas hå um setor que vai sofrer um impacto de novidade, muito acima de qualquer média. Refiro-me à segurança, ou insegurança, se assim entenderem.
Hoje, a sociedade conhece e estå minimamente preparada para lidar com os fatores de insegurança conhecidos. Na sua maior parte, planeados e/ou copiados pelos seus autores o que de alguma forma leva a que as autoridades policiais e judiciais também estejam preparadas para a ação que lhes compete, perante os atos praticados.
As franjas da sociedade que tĂȘm comportamentos anti-sociais sĂŁo conhecidas, assim como sĂŁo conhecidas as suas motivaçÔes. Mas a partir de agora, vamos ter em presença muito diferente, uma variante extremamente instĂĄvel: O MEDO! O medo, vai levar as pessoas a comportamentos anti-sociais atĂ© agora desconhecidos.
Os atores vĂŁo ser diversos. Pode ser qualquer um de nĂłs. Perante qualquer situação em que vamos reconhecer uma ameaça, vamos reagir contra o outro, contra a propriedade, contra o Estado. E porquĂȘ?
– Porque se hoje estamos cientes de que estamos seguros, dois dias depois andamos todos a olharmo-nos de lado, a ver no outro um potencial inimigo, uma ameaça permanente.
– Porque desaparecem alguns o padrĂ”es de comportamento e passa a existir um completamente instĂĄvel que vai levar ĂĄ questĂŁo por parte das Autoridades: “mas o que lhe deu para fazer isto!?” e a resposta da sociedade vai ser invariavelmente: “e agora…o que fazemos!???”
ApĂłs os grandes conflitos mundiais, perdurou durante anos, um sentimento generalizado de medo. Mas as pessoas morriam mais novas, ocorreu uma rĂĄpida renovação das geraçÔes, e a informação corria mais lenta. Hoje, morre-se mais tarde, nĂŁo renovamos a população como devĂamos e a informação nĂŁo corre, voa. EstĂŁo criadas as condiçÔes para que o contexto do medo, perdure muito para alĂ©m do que conhecemos atĂ© ao presente sobre o assunto.
JĂșlio Santos – ABR2020