A exposição âSenhoras e senhores, o espetĂĄculo vai começarâ, dedicada a Georges MĂ©liĂšs e ao cinema de 1900, pode ser vista atĂ© 20 de julho, na Avenida Infante de Sagres, em Quarteira.
A Fundação âla Caixaâ, com o apoio do MunicĂpio de LoulĂ© a colaboração da CinĂ©mathĂšque Française e do BPI, patrocinam esta exposição que aborda o contributo de Georges MĂ©liĂšs para a sĂ©tima arte. O cineasta francĂȘs foi ilustrador, mago, encenador, ator, cenĂłgrafo e tĂ©cnico de cinema, alĂ©m de produtor, realizador e distribuidor de mais de 500 filmes entre 1896 e 1912. Reinou no mundo do gĂ©nero fantĂĄstico e da trucagem cinematogrĂĄfica durante quase vinte anos, para depois cair no esquecimento e na ruĂna financeira.
A exposição pode ser vista num inovador formato itinerante que, num espaço de 200 metros quadrados, transporta os visitantes para o ambiente do inĂcio do sĂ©culo XX para assim poder explicar-lhes o nascimento do cinema como fenĂłmeno popular.
Trata-se de uma viagem no tempo que transporta os visitantes para a época em que o cinema se transformou num espetåculo popular, devido, em grande parte, às invençÔes e técnicas desenvolvidas por Georges MéliÚs. Perante o cinema documental dos irmãos LumiÚre, o ato inovador de MéliÚs consistiu em combinar o universo de Jean-EugÚne Robert-Houdin, pai da magia moderna, com a cinematografia de Marey, e em dar impulso ao cinema como espetåculo.
Como génio dos efeitos especiais, MéliÚs aplicou ao cinema truques de magia, pirotecnia, ilusÔes de ótica, deslocaçÔes horizontais e verticais, paragens de cùmara, transiçÔes encadeadas, sobreposição de imagens, efeitos de montagem e de cor, e a técnica da lanterna mågica, entre outros.
MĂ©liĂšs gozou de uns bons anos de glĂłria, de extraordinĂĄria popularidade, que culminaram com a estreia, em 1902, de âLe voyage dans la Luneâ (A Viagem Ă Lua), filme visto por milhĂ”es de espetadores. Infelizmente, a expansĂŁo da indĂșstria cinematogrĂĄfica e o surgimento de grandes produtoras como a PathĂ© e a Gaumont conduziram MĂ©liĂšs Ă ruĂna e ao esquecimento.
Em 1923, totalmente arruinado, destruiu os negativos de todos os seus filmes e acabou a sua vida profissional a vender brinquedos na estação parisiense de Montparnasse. O jornalista Léon Druhot reconheceu-o na estação e foi então que a sua obra começou a ser valorizada e recuperada.
Uma viagem Ă Ă©poca em que o cinema se transformou num espetĂĄculo popular âSenhoras e senhores, o espetĂĄculo vai começarâ transporta os visitantes para um ambiente de feira no virar do sĂ©culo, com as suas barracas e o seu ambiente de festa. Foi precisamente neste contexto que o cinema ganhou forma como espetĂĄculo de diversĂŁo e de emoçÔes. E, em grande medida, foi graças a um homem, Georges MĂ©liĂšs, que soube entender o que as pessoas desejavam e como devia entretĂȘ-las e fazĂȘ-las sonhar.
A exposição inclui vĂĄrios filmes de MĂ©liĂšs (que sĂŁo complementados com uma seleção de filmes dos irmĂŁos LumiĂšre), peças audiovisuais, cĂłpias de fotografias da Ă©poca e reproduçÔes de cartazes, desenhos, uma maquete do estĂșdio de MĂ©liĂšs em Montreuil e alguns objetos da Ă©poca, como a pasta fantĂĄstica de Robert-Houdin, ou o cinematĂłgrafo dos irmĂŁos LumiĂšre.
O comissariado da exposição estĂĄ a cargo de Sergi MartĂn, guionista e escritor.