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LoulĂ© reconhece a emergĂȘncia ClimĂĄtica

LoulĂ© reconhece a emergĂȘncia ClimĂĄtica

O MunicĂ­pio de LoulĂ© expressou vontade e determinação em continuar a trabalhar em prol do clima e do Planeta, pelo que torna pĂșblico o Reconhecimento da Situação de EmergĂȘncia ClimĂĄtica neste concelho como forma de alertar a comunidade para este problema global.

A ConferĂȘncia sobre as Mudanças ClimĂĄticas (COP 28), que tem estado a decorrer no Dubai desde o dia 4 de dezembro e encerrou na terça-feira, concluiu com resultados que ficaram muito aquĂ©m das expectativas.

O documento, aprovado por maioria na Assembleia Municipal do dia 9 de novembro, vem reafirmar a Política de Ação climåtica no Município, nos seguintes termos:

RECONHECIMENTO DE SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA NO MUNICÍPIO DE LOULÉ

Considerando que:

I. Estamos jĂĄ num futuro mais quente e seco no sul da Europa, com fogos florestais de maiores dimensĂ”es e difĂ­ceis de combater, ao mesmo tempo em que assistimos a uma redução drĂĄstica das disponibilidades de ĂĄgua, considerando que as manifestaçÔes extremas do clima, que crescem em frequĂȘncia a olhos vistos, irĂŁo obrigar-nos a lidar com enormes danos e prejuĂ­zos causados Ă s atividades econĂłmicas, Ă  saĂșde pĂșblica e aos ecossistemas naturais;

II. É fundamental tomar medidas ambiciosas para limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar uma perda maciça de biodiversidade;

III. Estas medidas devem envolver os cidadãos e todos os setores da sociedade e da economia, considerando que estas devem ser acompanhadas de fortes açÔes inclusivas e sociais, para assegurar uma transição justa e equitativa;

IV. O Município de Loulé entende as alteraçÔes climåticas como um dos desafios mais responsabilizantes do século XXI;

V. O MunicĂ­pio de LoulĂ©, tal como outros municĂ­pios que o acompanham na Adapt.local − Rede de MunicĂ­pios para a Adaptação Local Ă s AlteraçÔes ClimĂĄticas, estĂĄ firmemente convencido de que a ação Ă  escala local serĂĄ decisiva para a conceção e implementação de soluçÔes de adaptação mais eficazes, mais justas e eficientes e comunga do desejo de ver um clima estĂĄvel ser reconhecido como PatrimĂłnio Comum da Humanidade pela ONU.

Face ao anteriormente exposto, a CĂąmara Municipal de LoulĂ© delibera reconhecer o Concelho de LoulĂ© em Situação de EmergĂȘncia ClimĂĄtica.

O reconhecimento de Situação de EmergĂȘncia ClimĂĄtica obriga a que se assumam compromissos polĂ­ticos concretos e vinculativos, ambiciosos nos seus objetivos e que tenham alocados os recursos necessĂĄrios para a sua prossecução. PressupĂ”e igualmente que se dinamize um processo inĂ©dito de transformação social e econĂłmica assente numa nova consciĂȘncia ambiental e num pacto pelo futuro que desejamos deixar como legado.

Com a sua proposta de reconhecer o Concelho de LoulĂ© em Situação de EmergĂȘncia ClimĂĄtica, a CĂąmara Municipal de LoulĂ© assume, entre outros, os seguintes compromissos:

1) Implementar, com redobrado empenho, as medidas e as açÔes prioritĂĄrias inscritas no Plano Municipal de Ação ClimĂĄtica, Plano Municipal de ContingĂȘncia para PerĂ­odos de Seca e Plano de Ação para a Sustentabilidade EnergĂ©tica e ClimĂĄtica, assim como outras decorrentes de planos e estratĂ©gias de natureza supramunicipal que concorram para os mesmos objetivos de ação climĂĄtica, proteção do ambiente e sustentabilidade dos recursos naturais;

2) Atingir a neutralidade carbĂłnica da atividade municipal nos prazos definidos pelas metas nacionais e europeias sobre a redução de emissĂ”es de gases com efeito de estufa, atravĂ©s de um forte investimento na eficiĂȘncia energĂ©tica e nas energias renovĂĄveis;

3) Envolver a população no processo de transição energética, de forma ativa e inclusiva, providenciando-lhe o acesso à informação, à consultoria técnica e às fontes de financiamento necessårias para que possa aumentar a literacia energética, ajustar os seus håbitos de consumo, adaptar as suas habitaçÔes, tornando-as mais eficientes do ponto de vista térmico, massificando a adoção de soluçÔes para a produção de energia fotovoltaica de forma comunitåria ou descentralizada;

4) Promover a eletrificação dos transportes pĂșblicos, bem como melhorar as redes de transportes municipais atravĂ©s do aumento da sua oferta, do seu conforto e da valorização econĂłmica na sua utilização;

5) Implementar políticas que impulsionem os modos partilhados e suaves de mobilidade através da extensão de circuitos e espaços pedonais e ciclåveis, bem como impulsionar a sua utilização através da criação de serviços de mobilidade;

6) Massificar atĂ© 2030 a eletrificação da frota municipal de forma a minimizar as emissĂ”es de gases com efeito de estufa dessa proveniĂȘncia;

7) Aplicar medidas de eficiĂȘncia hĂ­drica nos seus edifĂ­cios e equipamentos culturais, sociais, desportivos ou outros, assim como diversificar a oferta de novas fontes de ĂĄgua para a população (reutilização e dessalinização) e aumentar a eficiĂȘncia dos seus sistemas de distribuição de ĂĄgua, com vista a alcançar uma redução das perdas reais na ordem dos 3% por ano atĂ© 2030;

8) Criar mais espaços verdes, plantar årvores, criar åreas de sombreamento e planos de ågua em meio urbano para combater os efeitos das ondas de calor;

9) Cumprir as metas definidas na Agenda Local de Sustentabilidade: Florestas, Biodiversidade e Desenvolvimento Rural do Concelho de Loulé 2020-25, através do apoio direto aos sistemas agrårios em degradação e desvalorização no Município, por via de uma forte aposta na dinamização da floresta mediterrùnica como sumidouro de carbono e da valoração dos restantes serviços ecossistémicos;

10) Contribuir para o aumento de novas åreas classificadas e protegidas de forma a que Portugal consiga, até 2030, ter 30% do seu território com estatuto de proteção. O aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira, a Reserva Natural Local da Foz do Almargem e do Trafal, as classificaçÔes futuras do hotspot internacional da Biodiversidade Cavernícola em São Clemente e a Paisagem Natural da Nave do Barão prefiguram-se jå como contributos valiosos para a concretização daquele objetivo;

11) Apoiar o restabelecimento dos atuais ecossistemas de forma a recuperar e preservar a biodiversidade, indo ao encontro das políticas nacionais e europeias que visam a conservação da natureza;

12) Fomentar uma economia local, progressivamente mais circular e com circuitos de distribuição curtos, que promova o aumento da produção local de alimentos, também em contextos periurbanos, priorizando a sustentabilidade das pråticas agrícolas, florestais e pecuårias;

13) Aumentar o conhecimento para, numa dimensão multinível, adaptar o território aos novos desafios relacionados com fenómenos e eventos extremos, garantindo a segurança e salvaguarda de pessoas e bens;

14) Apoiar a investigação e a implementação de medidas que visem minorar os impactos expectĂĄveis com a introdução de vetores e doenças transmissĂ­veis que habitualmente existem nos paĂ­ses tropicais, nomeadamente, atravĂ©s da implementação do Centro de Investigação e Entomologia MĂ©dica do Algarve, em colaboração com o Algarve Biomedical Center e o INSA – Instituto Nacional de SaĂșde Doutor Ricardo Jorge;

15) Criar espaços e mecanismos de informação e sensibilização da população para a situação de emergĂȘncia climĂĄtica, dirigidos a todos, mas particularmente aos que estĂŁo mais expostos ao impacto das alteraçÔes climĂĄticas ou que possam ser afetados com maior severidade, designadamente os agregados familiares de rendimentos mais modestos e os idosos, numa polĂ­tica assumida de nĂŁo deixar ninguĂ©m para trĂĄs.

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