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Pobrezinhos, mas honrados e asseados, mas isso não nos chega nem para podermos dormir descansados.

Limpinho, limpinho, limpinho…

Nada como sermos asseados. Não sei se se lembram, mas já no Estado novo, a questão da limpeza era muito importante. A limpeza e a bucha para comer, o que dava a ideia de não haver fome… Daí aquela frase popular, muito usada em fadunchos e outros veículos de pedagogia popular, da “casa portuguesa com pão e vinho sobre a mesa”. Não se infira daqui, ainda por cima agora que o Fado é, e muito bem, Património da Humanidade, que a canção nacional tenha de ser associada ao fascismo. O que acontece é que os regimes totalitários gostam muito de se apropriar das crenças e gostos populares para criarem alegorias e fazerem veicular a sua ideologiazinha barata para o povo bem entender. Mas o asseio sempre foi muito bonito e ainda hoje é louvado como um valor de integridade e honradez, especialmente nos lares mais degradados e sem condições de vida. Pobrezinhos, mas asseados.

Vem isto, como é óbvio, a propósito da saga da “saída limpa”, daquela que toda a gente já sabia ser a escolha do governo, até porque convinha também à Sra. Merkel. Quanto a mim, podem usar o melhor detergente dos mercados e também o mais “soft” amaciador. Podem até usar um bom lubrificante, que nestas coisas de nos sodomizarem as nossas próprias economias familiares, dá muito jeito para não provocar muita dor. Podem agora construir um discurso muito arredondadinho, em que o Primeiro Ministro até já sorri e parece uma pessoa afável, que não douram suficientemente a pílula daquilo que já sofremos e que continuaremos a sofrer, não sei mais por quantos anos. A ideia de que nos portámos bem e foi a nossa boa vontade que ajudou o país a sair do atoleiro onde os sucessivos governos do bloco central o meteram nas últimas décadas, é uma ideia brilhante, se não fosse cínica e perversa. Nós não ajudámos nada, nós estivemos reféns, de mãos e pés atados e quase com mordaça no nosso descontentamento. Aguentámos, é certo, mas simplesmente porque o poder sabe que o povo ladra muito, mas não morde. Mais uma herança com que ficámos dos 48 anos de Estado Novo, tanto nos matraquearam com o medo e a repressão, com a lengalenga dos portugueses serem um povo sereno e pacífico, que acabámos por, durante gerações, interiorizarmos esse epíteto que tanto jeito faz a quem detém o poder.

Os portugueses que ainda conseguem pensar com algum discernimento, por não estarem ainda totalmente adormecidos ou vencidos pela mordaça da propaganda, já conseguiram entender que Portugal não será mais o Portugal em que um dia acreditaram. Todos os sonhos e projectos estão agora suspensos por tempo indeterminado e quem procurar informação, conseguirá descortinar o que nos espera, a nós e à Europa, aquela miragem que alimentámos durante anos e que agora se desmorona e mostra a sua verdadeira face. A Europa não é mais uma união, ela é tão só, o projecto de assalto ao poder pelos seus representantes mais bem posicionados para virem a controlar um Continente como se fosse sua propriedade. Ao nível global, grandes e poderosas novas formas de poder, assente nos grandes grupos financeiros, nas multinacionais e seus lacaios, preparam-se para o assalto final a todas as formas de soberanias nacionais. Eles não se importam que os países continuem a existir, desde que os seus governos acatem as suas ordens, as suas normas e as suas formas de regulação do comércio internacional. Conhecem-se já demasiados pormenores dessa nova forma de governo global, assente numa regulação a nível mundial, controlada apenas pelos grandes agentes económicos, que só nos podem assustar e eu diria mesmo, aterrorizar com o que aí virá. A ideia é que as soberanias nacionais passem apenas a ser uma formalidade interna dos países, mas sem qualquer valor nas relações internacionais. Cada um poderá vir a manter a sua nação, mas sem direito a reclamar qualquer autoridade interna ou regional sobre a sua forma de governar, nomeadamente ao nível das finanças e das trocas comerciais. Para isso, passarão a existir instâncias a nível global, sem rosto ou constituição visível, que ditarão aquilo que exigem, em leis internas e acordos internacionais, para que os seus negócios continuem a crescer, sem oposição ou controlo possível, por parte de cada país ou mesmo Uniões ou Federações internacionais. Imagine-se só que, segundo o que se planeia, qualquer multinacional ou lobby de qualquer área de negócios, poderá vir a ter capacidade de processar os países que se oponham às suas estratégias de crescimento. Tais processos serão dirimidos por tribunais arbitrários, que nada têm a ver com o sistema de justiça institucional, quer a nível nacional ou mesmo internacional, e que poderá exigir incalculáveis indemnizações aos estados ou conjuntos de estados que se lhes opuserem ou desobedecerem.

Não, não sou um qualquer visionário catastrofista e irresponsável. Confirmem isto e muito mais, googlando por “Tratado Transatlântico” e logo perceberão porque razão me estou nas tintas para que a nossa saída seja limpa ou porca ou nauseabunda… Pobrezinhos, mas honrados e asseados, mas isso não nos chega nem para podermos dormir descansados. O nosso maior responsável político, ele sabe com certeza do que falo, mas como muitos outros, é tão miseravelmente insignificante, que a saída poderia até ter sido de ouro, que nada adiantava ao mal que já está feito. Ele é apenas um fantoche nas mãos dos seus invisíveis mentores. Se ele não fosse repugnante, até teria pena dele… mas nem isso vale!…

Por: Ernani Balsa
“escreve sem acordo ortográfico”

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Nada como sermos asseados. Não sei se se lembram, mas já no Estado novo, a questão da limpeza era muito importante. A limpeza e a bucha para comer, o que dava a ideia de não haver fome... Daí aquela frase popular, muito usada em fadunchos e outros veículos de pedagogia popular, da "casa portuguesa com pão e vinho sobre a mesa". Não se infira daqui, ainda por cima agora que o Fado é, e muito bem, Património da Humanidade, que a canção nacional tenha de ser associada ao fascismo. O que acontece é que os regimes totalitários gostam muito de…

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