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OPINIÃO…

NÃO NOS ILUDAMOS…

E se um país insano e masoquista (desculpe Sr. Presidente, mas eu comecei a escrever isto antes do senhor chamar masoquistas aos Portugueses…) entregasse a maioria dos votos nas autárquicas ao PSD?… Isso seria o quê, uma vitória nacional ou local, repartida aos bocadinhos pelas inúmeras Juntas de Freguesia?… Estou já a imaginar o nosso primeiro, numa daquelas intervenções com ar de professor primário, entre o paciente e o zangado com a falta de conhecimento dos jovens alunos, a elucidar os incultos deste país, que as autárquicas são um fenómeno local e não representam um reconhecimento à magna obra que ...

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ELEIÇÕES SEGUNDO FREUD

Pena que o Variedades e o Maria Vitória sejam já só velhos resíduos de uma saudosa memória. Pena que o teatro de revista tenha perdido parte da sua clientela, talvez devido à ausência do acicate do interdito, porque motivos e argumentos é coisa que não falta – talvez com um pequeno contra: são demasiado bizarros e particularmente ridículos. Passar em revista estas autárquicas, por exemplo, constitui para qualquer amante de anedotas um exercício particularmente fértil e prazenteio – de gritos! Desde logo, aquele enternecedor cartaz em S.João da Madeira anunciando essa proeza da generosidade camarária, oferecendo “vaginas” gratuitas – um ...

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SENTIR AINDA A VIDA …

Sentir a vida todos os dias. Acordar e tentar acreditar que a vida não vai, mais uma vez, piorar. Abrir os olhos e ver que a vida ainda continua e que depois da noite não se sucedeu a escuridão que todos receiam tomar conta de tudo. Viver a vida, um dia de cada vez e não nos atrevermos a desenhar o futuro. Apenas o dia seguinte. A notícia seguinte. A calamidade seguinte. Sentir a vida todos os dias e, apesar de tudo, ter medo do amanhã. Vivemos a vida que nos deixam viver, não aquela que sonhamos. A esperança é ...

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O CEMITÉRIO

Creio bem que uma das tarefas mais divertidas – e trágicas, também – a que um hermeneuta se pode entregar é tentar decifrar uma certa classe de conceitos que o sempre inefável oráculo desta nossa moderna política se desdobra em apresentar em intérminas sessões de arte de nada dizer. São apenas sopros de som (flatus vocis) em tudo semelhantes aos truques do prestidigitador do circo da Quarteira: o seu único objectivo e, mesmo assim, nem sempre conseguido, é iludir o povão. São pretensos conceitos que carregam em si o veneno da própria contradição, pois nada, por sua mediação, é possível ...

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AINDA HÁ RESISTENTES NO INTERIOR PROFUNDO

E não tinha a mínima ideia sobre o que escrever quando cheguei a casa 5 minutos antes da meia-noite de 20 para 21. Sem que nada fizesse esperar, a minha filha, que vive e trabalha no Porto, aparece-me atrás do muro da varanda para me dar um abraço de parabéns. Verdade faço anos hoje e fiquei muito feliz por vê-la e abraçá-la. Sobretudo quando ela me disse, abraça com mais força. Com efeito vejo-a muito poucas vezes e a ultima vez nada agradável, por ocasião do falecimento de meu irmão, seu tio. Que diferença dos abraços!!! Como é possível que ...

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A REINVENÇÃO DAS PALAVRAS…

Quem teme pelas palavras que diz, tenta dissimulá-las para esconder o seu verdadeiro significado. Quem, mesmo acreditando naquilo que pensa e sabe do impacto dos seus pensamentos, reinventa o léxico da sua maldade. Quem, apesar da maldade do seu carácter, não consegue purificar a sua consciência, não hesita em ludibriar aqueles que de si dependem. Este é o retrato de família do actual governo, se bem que alguns, muito poucos, se tentem ocultar atrás da corpulência arrogante dos que se afoitam a olhar de frente para a populaça. É absolutamente caricato o esforço que fazem para mascarar as palavras de ...

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CAIXA DE PANDORA

Confesso que não são poucas as vezes que dou comigo a matutar sobre o quão estranho é este povo, quase esquecido nesta nesga de terra que o mar caprichosamente parece ter poupado, um povo entretanto adormecido na imemorialidade de um tempo forte de conquista e, talvez por isso mesmo, mistura sincrética e exótica de restos de guerreiros e conquistadores, cocktail improvável de sangues e costumes – um povo que, assim, se constitui em curiosa singularidade cultural, porque, afinal, nele têm convivido e, de algum modo, continuam a conviver o rasgo, a ousadia, o destemor, por um lado, e uma pastosa ...

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SUBSERVIÊNCIA OU IMPUNIDADE?

Parece que näo…  Recentemente dou-me conta de duas reações humanas que me inquietam bastante. Uma, a que mais me inquieta, consiste na atitude do “deixa andar”; a outra, que ainda me incomoda muito e me faz sentir impotente social e politicamente, consiste em “vou denunciar sempre”. Entre as duas incomoda-me mais a primeira porque geracionalmente fui treinado para me importar com as injustiças de tratamento desigual das pessoas ou dos factos. Fui treinado para me insurgir contra a locupletação, o aproveitamento de informação e conhecimentos, contra a podridão e abuso de poder, o servir-se de amizades para trepar socialmente e ...

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A CENTRIFUGADORA DO PODER…

Isto de encontrar temas para cada novo artigo, não é tarefa fácil. Começo a estar dividido entre o achar que são demasiados os temas ou que, noutra perspectiva, o tema genérico se repete e nos cansa. No fundo, as perspectivas são tão más, a insegurança tão deprimente, a revolta tão incontida e o cansaço tão desgastante, que todos nós sentimos que estamos metidos numa centrifugadora de ideias e de projectos políticos, em que alguém se esqueceu de adicionar o detergente e, mais ainda, o amaciador conveniente e assim de cada vez que a máquina chega ao fim do ciclo, a ...

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ENSAIO SOBRE A LOUCURA

Uma das obras mais significativas de Karl Raymond Popper, um dos mais notáveis filósofos do século XX, é, como se sabe, “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, que os tem – e muitos! E, de entre eles, um dos mais encarniçados e traiçoeiros esconde-se, sob a capa da prestação de um serviço público, por detrás do que sabemos ser o desígnio essencial da própria democracia – a abertura. Sim, que só há abertura quando são diversos e efectivos os instrumentos de comunicação. Esse inimigo tem, pois, o privilégio de sê-lo de forma ínvia e paradoxal, já que é da sua ...

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