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OPINIÃO…

OS SONHOS SÃO SEMPRE COLORIDOS

Todas as semanas chego aqui, a esta mesma página em branco e interrogo-me. É certo que muitas vezes já tenho em mente algo sobre o que escrever. Falta-me apenas a forma, o tom e encontrados esses condimentos da escrita, o texto flui naturalmente e encontro até novas abordagens que o podem enriquecer. Mas o que fazer quando apenas se quer escrever sobre o nada? Escrever como meio de reflexão? Como catarse de qualquer coisa ou simplesmente, de coisa nenhuma? O estigma da página em branco é, mais do que um desafio, por vezes, uma angústia, ou então, o desaguar dum ...

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OBAMA, O PAPA E OS DESCENDENTES

Estas duas semanas anteriores todos fomos de alguma maneira tocados pela notícia, pelos escritos e fotos e pelas reportagens sobre a morte física de Madiba e sobre o seu significado para o mundo dito civilizado actual e perspectiva de futuro. Com as mais diversas reações muito originadas pela forma mais ou menos emocional como nos relacionámos com o fenómeno (houve até quem o confundisse com Morgan Freeman), todos ouvimos e vimos coisas e notícias. Os órgãos de comunicação sempre atentos, promoveram mesmo a grande fotografia sobre o evento: OBAMA a cumprimentar deferentemente RAUL CASTRO, dirigente cubano, num sinal de manifesto ...

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O DEZEMBRO DO NOSSO FINGIMENTO

Dezembro é um mês de fim de ciclo, um tempo de balanço e de reflexão por toda a carga mística que envolve. Dezembro é natal e natal é uma coisa que sem me incomodar, me apoquenta e me faz ficar deprimido, nem eu sei bem porquê… A nossa cultura judaico-cristã associada à cultura oficial do Estado Novo incutiu-nos epidermicamente certos valores, dúvidas, incertezas e mesmo crenças não totalmente resolvidas que nos baralham o departamento sentimental do nosso cérebro e mais ainda, daquele beco escuro e dizem que também resplandecente, da nossa alma, esse mistério alado que residirá dentro de nós, ...

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O IMPASSE

É desígnio central da vida que ela possa evoluir – não, porém, pela caprichosa e exclusiva intervenção do acaso, como advogam os darwinistas mais ortodoxos, mas pelo impulso demiúrgico da intenção, isto é, da consciência. Ora, se a atenção de um povo, por via dos mecanismos miméticos da psicologia das massas, estiver fixada num padrão mental de fatalismo, de pobreza é isso precisamente que como realidade sua ele próprio constrói. Estamos no fundo da tabela e é aí que cremos dever estar, nós os portugueses. E esta mentalidade, esta atitude, é, como se sabe, a de uma atávica mendicância face ...

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NELSON MANDELA E O DOM DO PERDÃO…

Esta será talvez a crónica mais curta que escreverei aqui nesta minha colaboração semanal. Não porque a pessoa de que quero hoje falar não merecesse um texto à altura da sua enorme dimensão humana, mas porque não conseguiria juntar tantas palavras de verdadeiro conteúdo e significado inatacável num texto que pudesse traduzir a elevação da admiração que tenho por Nelson Mandela. Mandela faz parte da minha própria construção como homem e cidadão. Desde que se tornou uma figura com estatuto reconhecido a nível internacional, mesmo durante os longos anos da sua clausura nas prisões do regime do apartheid, Mandela foi ...

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TODOS TEMOS ÍDOLOS. EU PERDI UM.

Estou a escrever este texto debaixo de uma tristeza profunda. Todos sabíamos que estava perdido mas o nosso egoísmo tudo fazia para o manter vivo entre nós; fazia-nos sentir mais humanos, acho. Parece incrível mas é mesmo como eu sinto a coisa: ter a felicidade de ser contemporâneo com gente muito grande, neste caso, gente enorme. Julgo não dizer nenhuma anormalidade se o comparar a um ser humano concreto que teve atitudes que nos dizem Jesus Cristo terá tido. Não me recordo de mais nenhum na minha geração. Homens bons houve mais alguns com certeza mas com esta grandiosidade? Duvido. ...

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UM MURPHY EM TODOS NÓS

À frente do seu tempo, e talvez do nosso, e influenciado por J. Joyce, Samuel Beckett foi um escritor analítico, em que “Murphy”, é disso exemplo – “(…) uma obra-prima cómica sem qualquer contenção ou complexo”, por palavras de Miguel Esteves Cardoso. Um romance satírico, genialmente escrito, em que um Beckett de excessos, e apesar de tratar assuntos sérios, não deixa de nos fazer rir, rir, e mais rir. O nosso lado mais humano – sombrio, mesquinho, egoísta, etc. -, é exposto sem tabus, o que nos faz refletir acerca dos inconsistentes da nossa mente. “De repente, junto ao seu ...

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NATAL ESTÁ AÍ. COM UM SOBRINHO ASSIM…

Entramos em Dezembro, mês que nos faz embrenhar no espírito de Natal com ou sem crise. Para mim Natal sempre começou em 1 de Dezembro. Já lá vão muitos anos, mas era o dia, feriado na altura, que dava mote para a família se começar a telefonar (ainda do telefone fixo) e eu escutava os adultos a combinarem quais as prendas que iriam dar aos filhos, sobrinhos e/ ou netos, quando era o caso. Meia centena de anos passados e eis-me avô de um neto e tio de um sobrinho próximo, teria que ganhar uma prenda jovem adolescente, bom rapaz ...

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DIFICULDADE DE ESCOLHA

Acredito piamente que, de entre aqueles que se disponibilizam para ler estes meus escritos, alguns se interroguem se eu não encontro nada de bom para comentar ou se não encontro outros temas mais líricos ou leves para exercitar este meu impulso de verter em prosa aquilo que me vai na alma. A esses poderei responder que nada mais me agradaria, porque gostando de escrever e transmitir o que penso, dedicando grande atenção à condição humana e a tudo o que envolve as vidas e histórias das pessoas, o seu enquadramento na sociedade e as tristezas e alegrias que fazem parte ...

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ERRO FATAL

Merece que dele falemos porque, tratando-se de alguém, como Mário Soares, que tão importante papel desempenhou na história recente de Portugal, a pergunta que, inevitável, surge é o que se terá passado, o que é que terá corrido mal para tão severa reprimenda ter recebido nas urnas. Resposta? Ela aqui vai: um desencontro essencial com o tempo. Soares, ao inventar uma versão póstuma de si mesmo, foi como morto que se apresentou – e ninguém está para votar em mortos. Mas vejamos. Há, em todo este triste episódio, uma sucessão graduada de erros. Comecemos pelos menores. Desde logo, a forma ...

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