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OPINIÃO…

O CEMITÉRIO

Creio bem que uma das tarefas mais divertidas – e trágicas, também – a que um hermeneuta se pode entregar é tentar decifrar uma certa classe de conceitos que o sempre inefável oráculo desta nossa moderna política se desdobra em apresentar em intérminas sessões de arte de nada dizer. São apenas sopros de som (flatus vocis) em tudo semelhantes aos truques do prestidigitador do circo da Quarteira: o seu único objectivo e, mesmo assim, nem sempre conseguido, é iludir o povão. São pretensos conceitos que carregam em si o veneno da própria contradição, pois nada, por sua mediação, é possível ...

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AINDA HÁ RESISTENTES NO INTERIOR PROFUNDO

E não tinha a mínima ideia sobre o que escrever quando cheguei a casa 5 minutos antes da meia-noite de 20 para 21. Sem que nada fizesse esperar, a minha filha, que vive e trabalha no Porto, aparece-me atrás do muro da varanda para me dar um abraço de parabéns. Verdade faço anos hoje e fiquei muito feliz por vê-la e abraçá-la. Sobretudo quando ela me disse, abraça com mais força. Com efeito vejo-a muito poucas vezes e a ultima vez nada agradável, por ocasião do falecimento de meu irmão, seu tio. Que diferença dos abraços!!! Como é possível que ...

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A REINVENÇÃO DAS PALAVRAS…

Quem teme pelas palavras que diz, tenta dissimulá-las para esconder o seu verdadeiro significado. Quem, mesmo acreditando naquilo que pensa e sabe do impacto dos seus pensamentos, reinventa o léxico da sua maldade. Quem, apesar da maldade do seu carácter, não consegue purificar a sua consciência, não hesita em ludibriar aqueles que de si dependem. Este é o retrato de família do actual governo, se bem que alguns, muito poucos, se tentem ocultar atrás da corpulência arrogante dos que se afoitam a olhar de frente para a populaça. É absolutamente caricato o esforço que fazem para mascarar as palavras de ...

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CAIXA DE PANDORA

Confesso que não são poucas as vezes que dou comigo a matutar sobre o quão estranho é este povo, quase esquecido nesta nesga de terra que o mar caprichosamente parece ter poupado, um povo entretanto adormecido na imemorialidade de um tempo forte de conquista e, talvez por isso mesmo, mistura sincrética e exótica de restos de guerreiros e conquistadores, cocktail improvável de sangues e costumes – um povo que, assim, se constitui em curiosa singularidade cultural, porque, afinal, nele têm convivido e, de algum modo, continuam a conviver o rasgo, a ousadia, o destemor, por um lado, e uma pastosa ...

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SUBSERVIÊNCIA OU IMPUNIDADE?

Parece que näo…  Recentemente dou-me conta de duas reações humanas que me inquietam bastante. Uma, a que mais me inquieta, consiste na atitude do “deixa andar”; a outra, que ainda me incomoda muito e me faz sentir impotente social e politicamente, consiste em “vou denunciar sempre”. Entre as duas incomoda-me mais a primeira porque geracionalmente fui treinado para me importar com as injustiças de tratamento desigual das pessoas ou dos factos. Fui treinado para me insurgir contra a locupletação, o aproveitamento de informação e conhecimentos, contra a podridão e abuso de poder, o servir-se de amizades para trepar socialmente e ...

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A CENTRIFUGADORA DO PODER…

Isto de encontrar temas para cada novo artigo, não é tarefa fácil. Começo a estar dividido entre o achar que são demasiados os temas ou que, noutra perspectiva, o tema genérico se repete e nos cansa. No fundo, as perspectivas são tão más, a insegurança tão deprimente, a revolta tão incontida e o cansaço tão desgastante, que todos nós sentimos que estamos metidos numa centrifugadora de ideias e de projectos políticos, em que alguém se esqueceu de adicionar o detergente e, mais ainda, o amaciador conveniente e assim de cada vez que a máquina chega ao fim do ciclo, a ...

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ENSAIO SOBRE A LOUCURA

Uma das obras mais significativas de Karl Raymond Popper, um dos mais notáveis filósofos do século XX, é, como se sabe, “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, que os tem – e muitos! E, de entre eles, um dos mais encarniçados e traiçoeiros esconde-se, sob a capa da prestação de um serviço público, por detrás do que sabemos ser o desígnio essencial da própria democracia – a abertura. Sim, que só há abertura quando são diversos e efectivos os instrumentos de comunicação. Esse inimigo tem, pois, o privilégio de sê-lo de forma ínvia e paradoxal, já que é da sua ...

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BREVES INCURSÕES À AUTORIDADE (I)

Para compreendermos a especificidade do poder político e não só, traçámos a montante um caminho alicerçado em duas abordagens com conteúdos diferenciados; uma direccionada à Legitimidade (expresso no artº “Breves Incursões à Legitimidade” na edição de 6 de Julho deste semanário), a outra, direccionada à Autoridade, que devido às suas múltiplas roupagens ir-se-á estender por mais do que uma edição, tendo como ponto de partida o presente escrito. “Não há crise de obediência senão depois de ter havido crise de Autoridade” Christian Bonnet -Autoridade como Poder Estável, Seguro, Permanente- Na tradição ocidental, desde que os romanos cunharam a palavra “auctoritas” ...

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AINDA FIZ UMA “CARREIRINHA” CONTIGO

Na sua juventude foi um amante dos desportos aquáticos sobretudo a natação, pesca submarina e vela. Com os meus 6 anos de diferença de idade era o meu ídolo nos mares da Apúlia onde praticava com tios, pai, primos e irmãos o desporto verdadeiramente percursor do actual bodyboard; desporto esse designado por nós, do norte, como “carreirinhas”. Era fabuloso e imbatível a caçar as ondas lá no fundo, no timing preciso quando elas se formavam, acelerando com a braçada crawl que desenvolvia com o seu tronco quase todo de fora, até chegar o momento certo de colocar os braços esticados, ...

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QUESTÕES DE BOM SENSO…

Falar de bom senso implica isso mesmo, bom senso! Esta matéria, publicamente abordada pelo Primeiro Ministro, na sua versão de líder partidário, no último fim de semana, no encerramento da chamada Universidade de Verão do PSD, teve tudo menos isso, o tal bom senso. Já aqui abordei esta problemática de se ter duas cabeças no mesmo corpo, uma de líder partidário e outra de Chefe do Governo. Esta condição de bicéfalo, mormente em lugares de grande responsabilidade, obriga a que haja um grande equilíbrio e prudência naquilo que se diz enquanto se pensa acaloradamente, apenas com uma das cabeças, porque ...

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